Em seu quarto mandato na Câmara Municipal de São Paulo, a vereadora Juliana Cardoso (PT) foi vítima de ataque machista e misógino em uma rede social. O autor foi o vereador Rinaldi Digilio (PSL).
O bolsonarista chegou a pedir para a vereadora não se empoleirar, caso um de seus projetos, em discussão na Casa, fosse aprovado. O termo é utilizado para se referir às aves, como galinhas, que ficam no poleiro.
“Quero deixar minha indignação em relação ao vereador Rinaldi Digilio, que é do PSL. Eu sei que tem essa relação vinculada ao Bolsonaro, eu sei bem quais são as formas de atuação deles. Mas eu acho que a gente não pode passar do tom”, disse Juliana, em pronunciamento no plenário virtual da Câmara.
“Passar do tom é entrar na minha rede social, como fez o vereador, para mandar mensagens grosseiras, machistas e misóginas. Nós não vamos permitir”, rebateu a vereadora.
Ela relatou que Digilio já falou, inclusive, que ela precisaria “voltar para o Mobral”. “Falo com muita indignação, porque não é por aí que a gente tem que tratar as mulheres e os homens na política. Divergências, sim. Mas colocar a gente como burra, como louca, como muitas vezes a sociedade coloca, isso não vou permitir, nem para mim e nem para qualquer outra vereadora”, ressaltou Juliana.
A vereadora destacou, também, a declaração do vereador Felipe Becari (PSD), que preside a Comissão de Saúde, Promoção Social, Trabalho e Mulher da Câmara. Ele disse, em uma das reuniões da comissão, que a vereadora falava demais e, em outra oportunidade, em que exercia o papel de mediador dos debates, afirmou, em referência ao mandato da petista, que é preciso ter “colhão” para exercer a vereança.
“Fiquei muito envergonhada porque eu estava em casa e minha filha estava ao lado assistindo aula. É uma forma desrespeitosa para com todas as pessoas que participavam da comissão”, ressaltou.
Cassação
Entre as ações que Juliana vêm liderando para enfrentar violências como as que ela própria, suas companheiras da bancada de mulheres e seu mandato sofrem, está o Projeto de Resolução (PR) 31/2021, que altera o regimento da Casa e inclui a violência política de gênero como quebra de decoro parlamentar, o que viabilizaria a cassação de mandatos com práticas misóginas e machistas.