A Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), registrou, em média, cinco casos de feminicídios e violências contra mulheres por dia em 2020. Os números foram revelados em boletim divulgado nesta quinta-feira (4).
Através da metodologia de análise que monitora mídias dos estados em que a Rede atua, foram contabilizados, em 2020, 1.823 eventos referentes a violências contra as mulheres - cinco a cada dia -, sendo 66% destes relativos a feminicídios ou tentativas de feminicídio.
Esses 1.823 casos representam 10% do total das 18.000 notícias acompanhadas. O grupo acompanha Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
"Os altos números aqui apresentados mostram que por mais que mudanças de perspectivas tenham acontecido, que tenhamos evoluído da legítima defesa da honra para a tipificação do feminicídio e que possamos contar com a Lei Maria da Penha, muitas mulheres continuam morrendo por serem mulheres", aponta a rede.
"Este alto número é fruto de uma construção social que delega à mulher uma posição subalterna e que dá ao homem a falsa sensação de posse em relação à sua companheira", diz ainda.
A rede aponta que a pandemia ajudou a agravar a situação da violência. "Durante a pandemia, o isolamento social agravou a situação de violência contra as mulheres, que passaram a ter mais tempo de convívio com o agressor. Os riscos aumentaram e o acesso das vítimas a redes de proteção e denúncia ficou mais difícil. Pouco depois do início da quarentena, os casos de feminicídio aumentaram e ocorreu um pico de 11 casos no mês de maio", sustentam.
O grupo ainda destaca que o monitoramento de notícias é importante pelo difícil acesso às bases de dados oficiais e o registro de muitos feminicídios apenas como "homicídios".