Quem mais desaprova o governo de Jair Bolsonaro são as mulheres. Enquanto entre os homens o ex-capitão tem 44,8% de aprovação e 46,4% de desaprovação, entre elas, são 61,7% de desaprovação e somente 25,3% de aprovação, segundo a 8ª Pesquisa Fórum, realizada pela Offerwise de 12 a 16 de março. Essa tendência se acentuou, mas já se apresentava nas edições anteriores da pesquisa.
Em relação à avaliação positiva do governo, enquanto 34,4% dos homens acham que o presidente está fazendo um governo ótimo ou bom, entre elas o índice é de 20,2%. Entre os homens, 43,1% consideram o governo de Bolsonaro ruim ou péssimo. Entre as mulheres, são 55,2%.
As mulheres também são as mais críticas à gestão de Bolsonaro na pandemia do coronavírus. Para 29,8% dos homens a atuação do presidente é considerada ótima ou boa. Entre elas, esse índice é de 17,4%. O ruim e péssimo entre o sexo masculino é de 47%, no feminino é bem maior: 60,6%.
O que leva as mulheres serem mais críticas ao governo de Bolsonaro? A rejeição ao presidente começou bem antes de ele ser eleito. Pesquisas de opinião já na campanha, em 2018, mostravam como a popularidade do então candidato era menor entre o eleitorado feminino e ainda caiu durante o período eleitoral. Entre junho a agosto daquele ano a rejeição subiu de 34%% para 43%, de acordo com o Datafolha.
Também na campanha, em 2018, o grupo no Facebook “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” mobilizou rapidamente mais de um milhão de internautas. O grupo acabou sofrendo um ataque de apoiadores do presidente. Mas já era tarde. As mulheres foram às ruas no Brasil inteiro no movimento que ficou conhecido como #EleNão, em 29 de setembro de 2018.
Bolsonaro tem um histórico de desrespeito às mulheres, com diversos exemplos de misoginia e sexismo.
“Eu tenho pena do empresário no Brasil, porque é uma desgraça você ser patrão no nosso país, com tantos direitos trabalhistas. Entre um homem e uma mulher jovem, o que o empresário pensa? ‘Poxa, essa mulher está com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade’...”, disse em 2014, em entrevista ao jornal Zero Hora.
"Todo mundo ia atrás de galinha no galinheiro na minha cidade. Alguns mais malandros, iam atrás da bezerrinha, da jumentinha. Era comum. Não tinha mulher como tem hoje.", afirmou em 2012, ao CQC. Na mesma entrevista, ele afirmou já ter batido em mulher: "Era garoto na Eldorado, uma menina forçou a barra para cima de mim. (...)".
“Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir. Ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece”, disse na Câmara em 2013. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) entrou com uma ação penal contra o então deputado federal por apologia ao crime de estupro.
“Fui com os meus três filhos, o outro foi também, foram quatro. Eu tenho o quinto também, o quinto eu dei uma fraquejada. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher”, disse em palestra no Clube Hebraica, em abril de 2017.
Estes são só alguns exemplos da masculinidade tóxica que domina a mente de Bolsonaro, que ainda tem espaço na sociedade brasileira, mas a resistência já começou com as mulheres.
Maioria é Lula
Enquanto a rejeição a Bolsonaro é maior entre o eleitorado feminino, elas são maioria nos que votariam no ex-presidente Lula. Segundo a 8ª edição da Pesquisa Fórum, o petista tem o maior potencial de voto entre todos os presidenciáveis. Entre as mulheres, 33,2% votariam com certeza em Lula e 21,3% disseram que poderiam votar. Somente 45,5% não votariam de maneira alguma. Assim, o potencial de voto do petista é de 54,5% entre as mulheres.
Em Bolsonaro, 18,7% das mulheres disseram que votariam nele com certeza, 13,1% poderiam votar e 68,2% não votariam de forma alguma. O potencial de voto do atual presidente entre as mulheres é de 31,8%.
Se o segundo turno das eleições fosse hoje, o ex-presidente Lula venceria. Numa disputa contra Bolsonaro, o petista ganharia com 38% contra 33,8%. Entre elas, 45,6% votariam em Lula e apenas 24,6% em Bolsonaro. Entre os homens, 29,4% dizem que votariam em Lula e 44,1% em Bolsonaro.
As mulheres serão decisivas para o Brasil sair da situação em que se encontra, com a maior crise sanitária dos últimos cem anos e um presidente negacionista, que anda de jet ski, enquanto falta oxigênio em hospitais.