A jovem Ingrid Oliveira Bueno da Silva, de 19 anos, foi brutalmente assassinada nesta segunda-feira (22) por Guilherme Alves Costa, um estudante de 18 anos que havia conhecido nas redes sociais. Os dois eram jogadores de E-Sports e participavam de grupos gamers na internet.
Para a professora e militante feminista Lola Aronovich, o crime é um reflexo da misoginia presente no meio gamer e "nerd". Ela afirmou em entrevista à Fórum que é comum muitas mulheres serem ameaçadas e maltratadas nesse espaço.
"É um meio super misógino, as mulheres que estão lá dentro sempre denunciam, sempre avisam, são sempre muito ameaçadas, maltratadas, xingadas. É um campo que está cheio de 'incel', masculinista, misógino. Acham que as mulheres atrapalham tudo, acham que as mulheres são apenas para sexo. Eles acham que nem existe mulher que gosta de game, que é só 'attention whore'", afirma.
"A maioria dessas pessoas são frequentadores de chans e, em chans, a linguagem é ainda mais pesada, mais violenta, de um querer que o outro desafiasse o outro para cometer um crime", completou, referindo-se aos fóruns anônimos que são comuns na deepweb.
Guilherme Alves Costa estava em casa quando esfaqueou Ingrid Oliveira Bueno da Silva diversas vezes. Segundo informações do jornal Extra, ele filmou o corpo da jovem depois do ato e confessou o crime, aos risos.
O registro foi enviado por e-mail pelo próprio autor do crime a Lola e outras pessoas. Em texto, Costa classifica o ato como “louvável” e promete novos atentados. Ele também deixa claro seu ódio às mulheres.
"Esses últimos anos, andei me abalando com minha namorada Eduarda, ela não me compreendia, eu peguei um ódio forte pelas mulheres nesses últimos anos da minha vida, toda esse drama que elas passam, toda essa melancolia, eu sinto nojo e ódio disso, eu quero ficar longe, ser um homem seguro e esperto", diz Costa no e-mail.
"Acho que uma das coisas que ele quer é divulgação. É muito comum esses incels que cometem assassinatos deixarem manifestos. Eu acho que ele quer divulgar isso, divulgar essas palavras muito confusas dele", afirma a professora.
"Isso é muito comum, tem todos os dias em qualquer chan. Quando um deles cumpre essa promessa, eles ficam nas nuvens. Os chans são campos para recrutar terroristas, eles querem feminicidas", completou.
Lola também alerta para os cuidados que meninas e mulheres devem ter ao se encontrarem com pessoas que conheceram na internet. "Tomar cuidado com algumas palavras-chave. Se ele elogiar qualquer incel ou pessoa que cometeu massacres, não é legal ficar com uma pessoa assim", aconselha.
"Ver quais outros chans que ele frequenta, o que quer da vida. É importante cortar qualquer tipo de contato com um cara que pareça perigoso, seja para você ou para a sociedade. Ou até mesmo se ele tiver qualquer obsessão por armas. Uma coisa é você jogar sabendo que é um jogo, outra coisa é você não saber distinguir e levar esse jogo pra vida real", finalizou.