Por Bia Mazzei
Em clima de prévias e eleições internas em todos os partidos, o Partido dos Trabalhadores (PT) elegeu em novembro a secretária estadual de Mulheres de São Paulo: Fernanda Curti, de 26 anos, moradora de Guarulhos, na Região Metropolitana da capital, e a mais jovem petista a ser eleita para o cargo.
Entre as pautas que defendeu para a eleição estão o fortalecimento da Comissão de Enfrentamento à Violência no PT, para atuar no combate à violência política de gênero em todas as instâncias do partido, e a paridade de distribuição do Fundo Eleitoral entre homens e mulheres.
O fenômeno da violência política de gênero pode ser entendido como um reflexo do machismo estrutural dentro da política, sobretudo no Brasil e na América Latina, onde o cenário político é violento de forma geral, com pleitos eleitorais conturbados, assédio, ameaças, ataques e assassinatos como práticas recorrentes.
“Para as mulheres periféricas, não-brancas e que fogem da heteronormatividade, a violência pode ser ainda maior. É muito importante que os partidos olhem para seus processos internos para não reproduzir o que se vê na sociedade. Como os partidos podem falar sobre a luta pela igualdade se não olham para suas próprias mulheres?", indaga Fernanda.
Com trajetória nos conselhos de juventude e políticas para mulheres, foi eleita por 2712 votos que vieram de todas as regiões do estado. A eleição interna, já considerada histórica, movimentou mais de 5 mil mulheres votantes e contou com 4 candidaturas, o que significa que Fernanda foi eleita por mais da metade das pessoas que votaram.
Quem é Fernanda Curti
Fernanda Curti é moradora de Taboão, região periférica da capital paulista, estudante de Direito, feminista negra e militante LGBTQIA+.
Atualmente compõe a executiva estadual do PT-SP. É atuante no partido desde os 15 anos e fez parte da direção estadual da JPT (Juventude do PT). Engajada na pauta da educação como direito, milita no cursinho popular do Mikail, na periferia da cidade, e atuou no movimento estudantil secundarista, responsável por uma série de ocupações em escolas da rede pública. A pauta do movimento era majoritariamente a anulação de uma proposta de emenda constitucional que limitava os gastos públicos e, consequentemente, limitava os investimentos em educação.
Em 2020, Curti foi eleita vereadora em Guarulhos, com 4.405 votos, uma das mais votadas da cidade, mas no dia 29 de janeiro de 2021, após 5 pedidos de recontagem, perdeu seu mandato de vereadora. A vereadora diz que o caso se trata de uma manobra político-jurídica.