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Após onda de comentários contrários à peça, a página do MJ no Facebook excluiu a postagem e "pediu desculpas pelo mal entendido"
Por Anna Beatriz Anjos
[caption id="attachment_58390" align="alignleft" width="300"] (Foto: Divulgação)[/caption]
Na tarde desta quinta-feira (5), o Ministério da Justiça causou polêmica ao divulgar um meme em sua página no Facebook. A peça, parte da campanha "Bebeu, Perdeu", cujo objetivo é combater o consumo de álcool por crianças e adolescentes, traz a imagem de uma garota sofrendo bullying de colegas. A cena é complementada pela mensagem "Bebeu demais e esqueceu o que fez? Seus amigos vão te lembrar por muito tempo".
No período em que ficou no ar, a postagem foi amplamente criticada pelos internautas e acusada de culpabilizar a vítima e naturalizar o bullying e o machismo. Um dos comentários foi publicado pela cantora e compositora Karina Buhr, que, ao compartilhar o meme em seu perfil, escreveu: "Olha o favor que o Ministério da Justiça anda fazendo pras mulheres brasileiras. Acho essa campanha criminosa".
Após receber uma onda de comentários e compartilhamentos, a página do MJ excluiu a postagem de sua linha do tempo e se posicionou. " A campanha #?BebeuPerdeu é muito mais do que isso. Nós nos equivocamos com a peça. Ela tem o objetivo de conscientizar jovens até 24 anos sobre os malefícios do álcool. Atuamos em políticas públicas em conjunto com a Secretaria de Políticas para a Mulher (SPM) contra a violência doméstica, o feminicídio e outras formas de violência contra a mulher. Pedimos desculpas pelo mal entendido e ao mesmo tempo contamos com a colaboração de todos na campanha", diz a mensagem.
Para Jarid Arraes, militante feminista e colunista da Fórum, a peça se apoia sobre princípios misóginos. "Não é por acaso que usam figuras femininas; estão dizendo que a mulher que bebe não tem direito de protesto ou proteção, o que nos leva imediatamente a pensar em violências gravíssimas como o estupro de vulnerável e a divulgação de vídeos e fotos íntimas sem o consentimento da mulher", considera.
Arraes também destaca o simbolismo de uma campanha como essa ter sido produzida por um órgão público, que, teoricamente, deveria conscientizar a população. "Vindo do Ministério da Justiça, é ainda mais revoltante. Uma legitimação do estupro e do machismo. Com uma peça como essa, o Ministério da Justiça desconstrói o trabalho árduo dos movimentos de mulheres no esforço de educar a população contra a violência de gênero", argumenta.