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Criado por uma estudante do ensino médio, o app “Sai Pra Lá” é gratuito e está disponível para iPhone e Android
Por Helô D'Angelo
Segundo a pesquisa Chega de Fiu Fiu, do coletivo Think Olga, 99,6% das mulheres já foram assediadas nas ruas. O número assusta, mas a boa notícia é que, a cada dia, aparecem novas estratégias de luta contra essa violência.
[caption id="attachment_74821" align="alignleft" width="225"] No app, a usuária pode classificar a forma de assédio ao marcar um ponto em que sofreu violência[/caption]
Uma delas é o aplicativo “Sai Pra Lá”. Lançado ontem (3), ele permite que as usuárias marquem em um mapa, de forma anônima, o local exato em que o assédio aconteceu, e que classifiquem-no como “sonoro” (como assovios e gritos), “verbal’ (cantadas e xingamentos), “físico” (apalpadas e passadas de mão) ou “outros” (não especificados). “O intuito do ‘Sai Pra Lá’ é mapear o assédio e atuar na prevenção dele, mostrar para as mulheres quais são os locais onde mais ocorrem assédios e pressionar os órgãos responsáveis pela nossa segurança para que tomem atitudes”, explica a descrição do app.
A criadora, Catharina Doria, tem apenas 17 anos e está no ensino médio. Ela conta que teve a ideia há quatro meses: “Eu estava em um dia péssimo e, para completar, um cara me assediou na rua. Fiquei com muita vontade de responder, mas tive medo. Depois, em casa, tive a ideia de criar um aplicativo para que as meninas pudessem fazer alguma coisa sobre isso”.
Sem entender de programação ou design, e sem uma fonte de renda que permitisse o investimento, Catharina traçou uma estratégia. Primeiro, convidou dois amigos do escotismo - a designer Mari Vaders, de 23 anos, e o desenvolvedor Thiago Delmotte, de 28 - para ajudá-la. Depois, fez um acordo com a mãe: em vez da tradicional viagem de formatura, ela pediu para usar o dinheiro no desenvolvimento do aplicativo.
A empreitada de Catharina começou bem. Em dois dias de funcionamento, o mapa já tem cerca de 200 marcações, a maioria em São Paulo e no Guarujá. “Já temos algumas denúncias em Manaus, em Florianópolis e no Rio de Janeiro. A ideia, agora, é espalhar para o Brasil inteiro”, conta ela. Até o fechamento desta matéria, a página do aplicativo no Facebook já tem mais de 3.500 curtidas – segundo a jovem, foram cerca de mil likes em um dia: “Foi muito rápido, eu não esperava”.
Quando teve a ideia do “Sai Pra Lá”, Catharina ainda não conhecia a campanha “Chega de Fiu Fiu”, que tem um mapeamento bastante semelhante. “Achei muito legal a iniciativa do Think Olga e é bem parecido mesmo, mas a vantagem do ‘Sai Pra Lá’ é que o mapeamento fica mais prático, por ser um aplicativo no celular”, pondera.
Para o futuro do app, Catharina pensa em colocar a opção de denunciar em estações de metrô, além de melhorar a localização de cada marcação: “Como tudo é muito caro, esperamos que a divulgação ajude a trazer novos colaboradores para começar essas melhorias”.