LUCRO RECORDE

Petroleiros criticam anúncio da Petrobrás: “Máquina de pagar dividendos”

Deyvid Bacelar, coordenador da FUP, avalia que, com a política de Preço de Paridade de Importação, a empresa foi organizada para gerar e distribuir dividendos

Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou, nesta quinta-feira (2), o megadividendo prometido pela Petrobrás a seus acionistas referente ao ano de 2022: R$ 215,7 bilhões.

“Os resultados financeiros e operacionais da Petrobrás, anunciados na noite desta quarta-feira (1), com lucro recorde e megadividendos, reafirmam a necessidade urgente de mudanças na política de preços dos combustíveis, que transformou a empresa numa máquina de pagar dividendos a acionistas”, destacou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

“Isso é feito às custas de queda de investimentos e elevados preços internos de combustíveis e derivados, que impulsionam receitas de vendas”, acrescentou.

Segundo Bacelar, com a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobrás foi organizada de forma a gerar e distribuir dividendos. Adotado por Michel Temer (MDB), em 2016, e mantido por Jair Bolsonaro (PL), o PPI reajusta os combustíveis com base na cotação internacional do barril de petróleo, variação cambial e custos importação de derivados.

Ao longo de 2022, a Petrobrás registrou, ainda conforme o dirigente da FUP, tímida política de investimentos, com encolhimento de patrimônio e perda de capacidade produtiva.

No ano passado, a estatal investiu menos de US$ 10 bilhões, 17% abaixo do previsto para o ano no Plano Estratégico 2022-26, e 80% inferior ao patamar de investimentos anuais observado em 2010/2013.

PPI deixa de ser único parâmetro para política de preços

O presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates (PT), declarou que, na empresa, o PPI “deixa de ser o único parâmetro” para a política de preços no Brasil.

“O PPI só garante ao concorrente uma posição confortável. Há um mercado doméstico”, afirmou. Segundo Prates, outras referências vão influenciar nos valores de produtos vendidos no Brasil

“Quem faz o preço de mercado é o mercado, a empresa faz política comercial. Ajeito contrato para um cliente melhor, condições melhores. Se o cliente é pior pagador, ela ajeita outras condições. Quem tem mais oferta, se está próximo do cliente. O preço para quem compra mais, é menor, para quem tem pontos de entrega mais acessível, é menor, para quem é bom pagador, é menor. É assim hoje”, relatou.

“O mercado (brasileiro) vai chegar no PPI no primeiro metro cúbico que precisar importar, depois de suprir todo o mercado (nacional) em áreas de influência”, acrescentou o presidente da Petrobrás.

Ele destacou, também, que a gestão do presidente Lula (PT) “não gosta de PPI”. “O governo não acha o PPI adequado como referência para preços em um país autossuficiente em petróleo”.

Energia lima

Prates considerou a importância de investimentos em fontes de energia limpa. “Vamos promover transição energética, que não pode deixar a base da pirâmide mais pobre. Deve distribuir riqueza. Vamos buscar diversificação sem deixar de lado negócios importantes. A produção de óleo e gás ainda precisará prover energia necessária do planeta. A produção de petróleo não vai desaparecer de uma hora para outra”, completou.