GRAVÍSSIMO

Explosivos, incêndio criminoso e, agora, ataque a tiros contra ocupação do MTST em Santo André

Moradores estão apavorados diante deste que já é o quinto ataque em menos de um ano contra a ocupação do movimento de moradia

Ocupação do MTST em Santo André (SP) é alvo de ataque a tiros.Créditos: Fotos: Arquivo Pessoal/MTST
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Mais de 3.500 pessoas em situação de vulnerabilidade social estão correndo risco de vida. Essas famílias vivem na Ocupação Lélia González, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em Santo André, na Grande São Paulo, e estão sendo alvo de constantes ataques criminosos

No último domingo (26), a ocupação foi surpreendida com barulhos de tiros de arma de fogo. Dois projéteis atingiram uma caixa d'água e, felizmente, ninguém ficou ferido. 

Veja fotos: 

Este já é o quinto ataque registrado contra a ocupação este ano. Em duas ocasiões, explosivos foram arremessados nas instalações do local. Além disso, houve duas tentativas deliberadas de promover incêndios criminosos. 

Em um dos incidentes, o fogo atingiu a porta de uma residência, colocando uma senhora em risco. Em outra situação, um morador testemunhou um indivíduo iniciando um explosivo e foi ameaçado com uma arma de fogo. Além do perigo iminente de incêndios, os residentes enfrentam uma constante ameaça de violência verbal por parte de indivíduos que circulam na região.

O movimento social denunciou o novo ataque à Polícia Civil e exige a abertura de um inquérito para apurar a onda de investidas que ameaça a vida dos moradores da ocupação. 

A reportagem da Fórum entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) para obter posicionamento da pasta sobre o ocorrido e recebeu a seguinte nota: 

A autoridade policial do 4° DP de Santo André instaurou inquérito para apurar os possíveis crimes de infração cometidos contra as vítimas citadas. As diligências estão em andamento. A equipe da unidade trabalha para a identificação dos autores e esclarecimento dos fatos.

Débora Lima, coordenadora nacional do MTST, exige apuração urgente. 

"Ocupar é um direito e mais esse ataque à Ocupação Lélia Gonzalez reforça o quanto o ódio, o preconceito e a desumanidade ainda existem em nossa sociedade. São milhares de famílias que resistem pela moradia digna e por suas vidas. É urgente a investigação e a apuração dos fatos". 

A Ocupação Lélia González

A Ocupação Lélia González abriga há mais de dois anos mais de 3500 pessoas em situação de vulnerabilidade social, incluindo idosos, crianças, pessoas com deficiência, migrantes haitianos e venezuelanos, bem como membros da comunidade LGBT.

No local, são realizadas diversas iniciativas, como atividades educacionais para crianças, serviços de saúde, capacitação em tecnologia para adultos e uma variedade de eventos culturais. Além disso, o espaço conta com oito cozinhas comunitárias.

Os moradores da ocupação Lélia González (Foto: MTST)

Situado no bairro de Utinga, em Santo André, São Paulo, o terreno de 70 mil metros quadrados permaneceu abandonado por três décadas, acumulando uma dívida milionária de IPTU e sem cumprir qualquer função social. Após a ocupação do MTST, a empresa NORDON S.A, que alega ser proprietária do local, buscou a reintegração de posse. Contudo, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou a liminar, argumentando a falta de cumprimento da função social da propriedade.