SOB INVESTIGAÇÃO

Petroleiros questionam no TCU contrato da Petrobrás para construção de plataforma

A Federação Única dos Petroleiros afirma que a empresa tem pressa em fechar negócios a quatro dias das eleições; entidade aponta irregularidades

Petrobrás anuncia acordo antes das eleições.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) denuncia que a Petrobrás corre para fechar negócios a apenas quatro dias das eleições. Segundo e entidade, apesar das várias irregularidades, a empresa anunciou, nesta quarta-feira (28), a assinatura do contrato com a Keppel Shipyard Limited, de Singapura, para a construção, em estaleiros asiáticos, da plataforma de produção P-83, no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.

O valor do contrato foi mantido em sigilo, ainda conforme a FUP. A Petrobrás também não revelou que o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa ação impetrada pela Associação Nacional de Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro).

No final de outubro, a entidade pediu a abertura de investigação sobre possíveis irregularidades na licitação para as contratações das plataformas P-83, P-82 e P-80, todas no campo de Búzios, e ganhas pelo mesmo grupo econômico, a Keppel-Sembcorp.

“A Petrobrás segue uma maratona contra o tempo, a poucos dias das eleições, firmando contratos bilionários para construção de plataformas na Ásia, em detrimento da indústria nacional, e com empresa que burla regras de licitação”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

A P-83 será uma das maiores plataformas a operar no Brasil a partir de 2027, com produção prevista de até 225 mil barris por dia de petróleo e 12 milhões de m3 diários de gás. O megacontrato firmado é estimado pelo mercado em torno de US$ 2,8 bilhões.

O acordo com a Keppel Shipyard para a aquisição das embarcações foi anunciado pela Petrobrás em 15 de agosto. Porém, empresas do mesmo grupo econômico - Keppel Shipyard e Sembcorp Marine, que passaram por operação de fusão concluída em abril passado - foram as únicas a apresentar propostas nas licitações.

Na ação ao TCU, a Anapetro solicitou que as negociações entre as empresas sejam suspensas, pelo menos, durante as apurações. Além disso, que sejam disponibilizados documentos e relatórios da comissão de licitação da estatal e os estudos de viabilidade técnica e econômica feitos pela área de Exploração e Produção (E&P) da companhia.

A petição destacou, ainda, que, a partir de ilícitos e irregularidades identificados pelo Tribunal, a matéria seja encaminhada ao Ministério Público.

Processo de licitação contou com duas propostas de empresas do mesmo grupo

“Muito estranhamente o processo de licitação das plataformas P-83, P-82 e P-80 contou com apenas duas propostas de duas empresas do mesmo grupo econômico, com preços diferenciados”, destacou Bacelar.

Segundo ele, é preciso saber o que levou a Petrobrás a contratar tudo num mesmo grupo econômico. “Por que validar uma concorrência em que só participaram empresas do mesmo grupo econômico?”, indagou Bacelar, com base em questões apontadas pelo Departamento Jurídico da FUP.