ABUSO

Bancários registram recorde de adoecimento por assédio moral e pressão por metas

Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil

Ato de bancários contra assédio.Créditos: Fenae
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O Comando Nacional dos Bancários debateu com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), nesta segunda-feira (15), o estabelecimento de metas, além de assédio moral e pressão exagerada que acontecem em muitos locais de trabalho.

Os banqueiros negaram que o alto índice de adoecimento na categoria se relacione diretamente com a pressão abusiva por cumprimento de metas.

“Na consulta nacional com a categoria bancária, feita com mais de 35 mil trabalhadores, 77% relataram cansaço, fadiga e preocupação constante em função das metas abusivas; 44% com crises de ansiedade e pânico e 35,5% afirmaram que tomaram medicação controlada nos últimos 12 meses”, destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional, que representa a categoria na mesa com a Fenaban.

Os casos de adoecimento entre os bancários viraram epidemia na categoria. Entre 2013 e 2020, a média de afastamentos na categoria bancária foi de mais de 20 mil por ano. Nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores", acrescentou Ivone.

“Para fechar a campanha é preciso avançar no combate ao assédio moral. Os trabalhadores estão adoecendo para manter os lucros bilionários dos banqueiros”, completou.

Consulta da Campanha Nacional de 2022 dos bancários registra os seguintes números:

Dados obtidos pela Campanha Nacional de 2022: 77% relatam cansaço, fadiga e preocupação constante; 54% relatam desmotivação, vontade de não ir trabalhar, medo de estourar; 51% relatam formigamento nos braços, ombros ou mãos; 44% têm crises de ansiedade e pânico; 42% encontram dificuldade em dormir; 35,5% afirmam que tomaram medicação controlada nos últimos 12 meses.

“Até o levantamento apresentado pelos bancos constata maior adoecimento mental e físico dos bancários na comparação com outras categorias. Precisamos acabar com os geradores do adoecimento que, sabemos, está ligado ao assédio moral e à cobrança abusiva de cumprimento de metas inatingíveis”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.