DESINVESTIMENTO

Denúncia: Petrobrás encomenda plataformas na Ásia e reduz 1,5 milhão de empregos no país

Das 14 plataformas previstas para operação nas bacias de Campos e Santos, dez já foram contratadas fora do país

Empresa encomendou plataformas na China, Singapura e Coreia do Sul.Créditos: Divulgação/Petrobrás
Escrito en MOVIMENTOS el

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) denuncia que a Petrobrás está “exportando o emprego do Brasil para a Ásia”. De acordo com a entidade, a empresa, até 2026, colocará 14 plataformas para operar nas bacias de Campos e Santos.

A questão é que dez delas já estão com suas obras contratadas no exterior, sendo sete na China, duas em Singapura e uma na Coreia do Sul.

As dez plataformas já contratadas ao mercado asiático devem representar exportação de mais de um milhão de empregos: “Se todas essas plataformas tiverem um investimento similar ao do FPSO Maria Quitéria, a exportação total de empregos será de 1,47 milhão de trabalhadores”, calcula Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

Segundo dados do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), cada bilhão de investimento na construção de plataforma gera 26,3 mil empregos.

Por exemplo, o FPSO Maria Quitéria, que tem investimento estimado de R$ 5,6 bilhões, deve gerar 148 mil empregos, mas na Ásia. Esta embarcação vai operar a partir de 2024, no Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos.

A situação é desastrosa. Grande indutora do crescimento da indústria naval em passado recente, a Petrobrás, com a gestão atual, cancelou contratos e cortou investimentos no país, deixando os estaleiros brasileiros e toda a cadeia de fornecedores sem novas encomendas e limitados à construção de apenas alguns módulos. Grande parte dos trabalhadores da indústria naval se dedica atualmente a serviços de reparos navais em estaleiros que operam abaixo da capacidade”, destaca Bacelar.

Petroleiros apresentam propostas à chapa Lula-Alckmin

A FUP apresentou à chapa Lula-Alckmin algumas propostas para o setor: a retomada de encomendas no mercado brasileiro, com base em uma política industrial que contemple índices de conteúdo local.

Outra proposta se refere a mudanças na estratégia empresarial da Petrobrás e sua relação com o setor privado, principalmente nos segmentos nos quais a saída da estatal aumentou a fragilidade do parque produtivo nacional.

“O setor energético envolve não apenas a indústria de Óleo e Gás (O&G), mas um extenso conjunto de indústrias cuja renda está atrelada a esse segmento. Isso significa que as políticas específicas de exploração e produção, refino, gás e renováveis devem passar por transformações para lidar com inúmeros desafios como a destruição de clusters locais com a saída da Petrobrás; a desverticalização de cadeias produtivas; altas de preços de combustíveis; e a dependência de importações, entre outros”, ressalta o coordenador-geral da FUP.