SINDIPETRO-ES

Desmanche: Petrobras vende um de seus maiores ativos a preço de banana

O valor do negócio representa apenas dois anos de produção do Polo Norte Capixaba, segundo Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo

Petrobras e sua política de vendas.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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A diretoria da Petrobras, dando continuidade à sua política de desmanche, se desfez do maior ativo de petróleo em terra do Espírito Santo: o Polo Norte Capixaba, além de dutos e um terminal portuário.

O valor da venda foi considerado bem abaixo do mercado, ou seja, US$ 544 milhões (R$ 2,7 bilhões na cotação atual do dólar), o que representa apenas dois anos de produção dos quatro campos que compõem o Polo Norte Capixaba.

Segundo Valnísio Hoffmann, coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros no Espírito Santo (Sindipetro-ES), a iniciativa pode parecer insignificante para alguns políticos ou até mesmo moradores da região. “Porém, a realidade virá à tona em poucos anos”.

O Sindicato dos Petroleiros procura alertar a população para os prejuízos e as consequências da medida. “A venda vai impactar, no mínimo, em 500 empregos diretos na área de petróleo norte-capixaba”, afirma Hoffmann.

“Outra pancada que os municípios irão perceber é na redução dos royalties, porque com a nova portaria da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as empresas médias e pequenas terão um repasse menor, de 7,5% e 5% dos royalties. Enquanto uma empresa, como a Petrobras, repassaria 10%”, explica.

O sindicalista ressalta, ainda, que se a produção continuar a mesma, só nessa questão os municípios já perderão nos royalties. “Além disso, haverá redução de empregos e salários, aumento da procura do serviço público de saúde, porque essas empresas que estão contratando os novos empregados dessas áreas oferecem um salário muito reduzido, sem plano de saúde”.

“Então, infelizmente, quem vai pagar a conta é a população dos municípios em relação a recebimento de impostos, tributos, geração de empregos. O comércio vai sentir”, ressalta.

Porém, Hoffmann diz que tem esperança de conseguir mudanças no triste cenário atual. “Acho que a única maneira de reverter essa situação é se nas próximas eleições a população votar certo e, em 2023, tentar reconstruir aquilo que for possível dessa empresa tão grande e tão valiosa que é a Petrobras, que está sendo usada pelos abutres do mercado”, ressalta.

Ação do Sindipetro-ES denuncia risco ambiental com a venda

O Sindipetro-ES ingressou com uma ação denunciando o valor abaixo da realidade que as unidades estão sendo vendidas e, também, denunciando o grave risco ambiental que a venda do Terminal Norte Capixaba pode trazer para a região. “A operação com mono-boias é feita atualmente pela Transpetro, que possui anos de experiência. Uma empresa assumir essa operação sem experiência poderá provocar um vazamento de proporções jamais vistas no Espírito Santo”, completa Hoffmann.