Negacionista e apoiador contumaz de Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, o defensor público Jovino Bento Júnior elogiou Adolph Hitler ao se posicionar contra o passaporte da vacina durante debate sobre o tema no Conselho Superior da Defensoria Pública realizado na sexta-feira (14).
Em sua explanação, Jovino citou a expulsão do tenista sérvio Novak Djokovic da Austrália porque o atleta tentou burlar as leis sanitárias do país para participar do Aberto de Melbourne. O bolsonarista comparou o caso com a participação do atleta Jesse Owens nas Olimpíadas de Berlim em 1935, durante a ditadura nazista.
"A proposta é sim de se punir quem não se vacinar. Essas colocações dele me lembram inclusive um meme que vi esses dias, achei uma colocação muito perfeita para a ocasião com o caso do tenista Novak Djokovic na Austrália. A postagem dizia assim: Nem Hitler fez com Jesse Owens na Alemanha o que o governo da Austrália está tentando fazer com Djokovic. E é exatamente isso. Jesse Owens foi aquele negro, ganhou quatro medalhas olímpicas nas Olimpíadas de 1936 em Berlim, tudo sendo assistido por Hitler. E Hitler não o impediu de competir, de entrar no país, como se começa a se ver hoje nos países. Esse caso é emblemático", disse o defensor público que ressaltou que a forma como estava sendo debatido "não condiz com a grandeza do tema".
A declaração gerou revolta e foi rebatida pelo também defensor Antônio de Maia e Pádua.
"Não se pode admitir que alguém acorde cedo, se prepare com um terno e uma gravata, para elogiar a conduta de Hitler perante o Conselho Superior da Defensoria ou qualquer outro lugar. Nada que vem dali é exemplo. Nada", afirmou.
Trainee para negros do Magazine Luiza
Jovino Bento Júnior foi o responsável por mover ação contra o programa de trainee para negros da Magazine Luiza em 2020. Na ocasião, ele disse que o processo seletivo é racista e o classificou como “marketing de lacração” para “ganho político”.
“A ação levada a efeito pela ré se insere no conceito de marketing de lacração e visa, com isso, ganho político, num primeiro momento, para, em seguida, ampliar seus lucros e sua faixa de mercado em magnitude sem precedentes históricos e representando risco à democracia a médio prazo”, escreveu na ação, que cobrava R$ 10 milhões da rede de varejo por danos morais coletivos.
A pedidos do movimento negro, a própria Defensoria Pública foi responsável pela defesa da Magazine Luiza na ação.
A campanha fez com que a rede de lojas dobrasse o número de contratados negros ou pardos na seleção. Normalmente, o processo seletivo para esse programa, que forma profissionais com potencial para chegarem aos postos de comando da companhia, contrata cerca de dez pessoas.
Na ocasião, o Magazine Luiza selecionou 19 pessoas negras ou pardas para a edição 2021 de seu programa de trainee.