Uma banca de 13 pessoas, todas brancas, rejeitou no dia 11 de agosto o nome do professor negro Wallace de Moraes, do departamento de Ciência Política do Instituto de Filoso e Ciências Sociais (Ifcs) para um posto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Wallace, que integra o Grupo de Pesquisa CPDEL Decolonial libertário antirracista da universidade, ainda teria ouvido de um dos professores, também docente do instituto, que não poderia compor a banca que avalia novos professores para o departamento por "constantemente se vitimizar por ser negro" e ter desequilíbrios emocionais.
"Aguardando como a universidade majoritariamente branca, ocidentalizada e racista vai defender um dos seus. Racismo não se tolera, se combate", publicou Moraes no Twitter, após pedir investigação à UFRJ e anunciar ação contra um dos professores na Justiça Criminal.
Em nota, o coletivo de docentes negros e negras da UFRJ afirma que "cinco membros do Departamento indicaram o prof. Wallace para participar como membro da unidade da UFRJ na banca de seleção do certame" e que durante a avaliação, o docente que compõe a banca teria alegado que ele não teria "qualidades" para exercer a função.
"Assim, atribuiu ao professor a condição de 'brigão, desequilibrado, sem condições emocionais, e que constantemente se vitimizava por ser negro'”, diz a nota (leia a íntegra).
Em nota publicada no dia 25 de agosto (leia a íntegra abaixo), os professores que compõem a banca dizem que a reunião de 11 de agosto "não pautou individualmente a participação de nenhum professor do DCP na Comissão Julgadora do referido Concurso para Professor Adjunto".
"É importante situar em que momento da vida do DCP-UFRJ a referida reunião se insere. O DCP tem passado por um processo de renovação em seu quadro docente. Nos últimos três anos, seis novos professores foram incorporados ao departamento. Esse processo tem exigido o esforço coletivo de construção de um ambiente de trabalho comum e produtivo, o que, entre erros e acertos, tem produzido avanços e deverá melhorar nos próximos anos (inclusive no sentido dos temas e práticas que combatam o sexismo, o racismo, a LGBTfobia e o capacitismo em nossa Universidade)", diz a nota que é assinada por Josué Medeiros, Pedro Luiz Lima, Thais Aguiar, Daniela Mussi, Jorge Chaloub e Mayra Goulart.
Leia a íntegra da nota dos professores