João Pedro Stedile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fez uma análise da conjuntura brasileira durante o Programão da Fórum nesta sexta-feira (19) e afirmou que acredita que a campanha Fora Bolsonaro, contra o presidente Jair Bolsonaro, forçou uma mudança na hegemonia das ideias na sociedade brasileira.
Durante entrevista à jornalista Cynara Menezes, no Programão da Fórum, Stedile afirmou que a esquerda vive um momento de descenso desde de 2014, mas acredita que houve uma virada este ano. O dirigente do MST destaca, no entanto, que é difícil fazer uma análise histórica durante o decorrer dos fatos.
"Nós sofremos uma grave derrota e, de 2014 para cá, estamos em descenso. A eclosão da crise capitalista afetou a classe trabalhadora, com desemprego, desânimo, e a classe recuou. Com a crise, o golpe contra Dilma e o acesendo das ideias fascistas e de extrema-direita, gera um refluxo do movimento de massas", avaliou.
"De abril pra cá, com a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e com a vontade política da militância que foi às ruas, nós reequilibramos a correlação de força e estamos ganhando a hegemonia das ideias na sociedade", apontou Stedile. "Ninguém em sã consciência - nenhum artista ou jornalista são - pode apoiar a direita, o fascismo", completou.
"80% não quer mais saber de Bolsonaro, o que representa uma maioria da sociedade que criou uma hegemonia das ideias antifascistas. Isso me leva a crer que estamos em um momento de equilíbrio de forças", acrescentou.
Stedile: MST só existe por conta da solidariedade da sociedade brasileira
Stedile ainda comentou sobre as tentativas de deslegitimação que o MST sofre e celebrou o apoio que recebe no povo brasileiro e no exterior. "O MST só existe por conta da solidariedade da sociedade brasileira, o povo brasileiro sempre gostou do MST, quem nos odeia é a burgueria", disse Stedile. "A burguesia se expressa pela Globo, pela Veja", completou.
"Deixa a Globo com o agronegócio, ela vai para a lata do lixo com o agronegócio. Felizmente, nós estamos recebendo reconhecimento de muitas forças, seja no exterior, seja no Brasil. Isso para nós é energia. Recebemos um prêmio da OIT, um na Espanha... Não podemos nos queixar, o povo brasileiro sempre nos ajudou e é por isso que estamos aqui", disse.