Vídeo: Via Campesina tinge sede da Aprosoja de vermelho em ato contra a miséria e a fome

Ações acontecem em quatro capitais. Organizações do campo denunciam lucro exorbitante do agronegócio enquanto 125,6 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar.

Via campesina em ato na sede da Aprosoja em Brasília (Divulgação)
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As Organizações da Via Campesina Brasil realizam, nesta quinta-feira (14), ações simbólicas nas cinco regiões do país em denúncia ao atual contexto do aumento da fome no Brasil, que faz parte da estratégia política do governo Bolsonaro.

As ações ocorreram, simultaneamente, em Brasília (DF), Recife (PE), Vitória (ES), Porto Velho (RO) e Florianópolis (SC), e fazem parte da programação da Jornada como forma de denúncia pela desproporcionalidade do aumento da miséria diante da lucratividade do setor do Agronegócio.

Em Brasília, no Distrito Federal, como parte da “Jornada Nacional da Soberania Alimentar: Contra o Agronegócio para o Brasil não passar fome”, ocorreu uma ocupação da Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) pelos movimentos que compõem a Via Campesina.

A ação, que contou com a participação de cerca de 200 camponeses e camponesas, denunciou o protagonismo que o Agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos no Brasil.

Neste ano, o Agronegócio, com a produção de soja, milho e cana-de-açúcar, principalmente, está batendo recordes de exportações e lucros.

Poder, política e desigualdades alimentares

Segundo o grupo de pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, com sede na Freie Universität Berlin, na Alemanha, 125,6 milhões de brasileiros sofrem com insegurança alimentar durante a pandemia da Covid-19.

“Ao vetar o projeto de Lei Assis de Carvalho II, que traz um programa de auxílio emergência para a Agricultura Familiar camponesa, eles acabam deixando quem sustenta o Brasil sem política pública alguma, promovendo a miséria e fortalecendo o Agronegócio, que produz soja como alternativa de alimento para a população, envenenando o campo, desertificando a região, matando e expulsando o povo que está no território para a produção de monocultura”, afirma Mirele Diovana, do Movimento das Mulheres Camponesas DF e Entorno, que ressalta ainda a luta de um país que volta ao mapa da fome devido ao projeto genocida do governo Bolsonaro.

Recentemente foram publicados os dados do Inquérito Nacional sobre a Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).

O estudo expõe dados sobre uma condição já vivenciada de deterioração das condições de vida da população e do aumento das desigualdades sociais que foram significativamente afetadas pela pandemia. Essa condição extrema, aliada a outros fatores, desvelam a dura condição de vida enfrentada pelo povo brasileiro.

“Soberania Alimentar é a radical democratização dos processos de organização da produção, comercialização e distribuição de alimentos. A luta pela Soberania Alimentar passa pela luta contra o modelo devastador do agronegócio e tem na agroecologia e na reforma agrária os pilares fundamentais de disputa, apresentando um outro modelo de agricultura, sustentável, sem veneno, com diversidade produtiva, com controle popular dos meios de produção”, afirma Marco Baratto, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

“Completamos 25 anos da Soberania Alimentar, por isso essa Jornada, que vai até o dia 16 de outubro, é tão importante, pois reforça que para esse projeto existir é preciso ter Reforma Agrária, lutar em Defesa dos territórios, projeto de produção agroecológica, autonomia das Camponesas e Camponeses do campo das águas e das florestas, com um projeto de Feminismo Camponês e Popular que respeito a diversidade do nosso campesinato”, afirmou Mirele Diovana, do Movimento das Mulheres Camponesas DF e Entorno, que ressalta ainda a luta de um país que volta ao mapa da fome devido ao projeto genocida do governo Bolsonaro.

Participam da ação o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Movimento pela Soberania Popular na Mineração(MAM), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Pastoral da Juventude Rural (PJR), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e Movimento das Pescadoras e Pescadores Artesanais (MPP).

A Jornada, que se iniciou no último dia 10, vai até o próximo sábado (16), Dia Internacional de Ação por Soberania Alimentar dos Povos e Contra as Transnacionais. As ações também ocorrem em resposta ao veto da Lei Assis Carvalho II, que visa amparar a agricultura familiar em razão dos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus.

Aprosoja e 7 de Setembro

Criada em 1990, a Associação dos Produtores de Soja apoia vários parlamentares que compõem a Bancada Ruralista no Congresso Nacional. A Bancada é uma das principais articuladoras de projetos de lei que flexibilizam o desmatamento, a grilagem de terras e autorizam o maior uso de agrotóxicos no país. Em 2021, o governo federal já liberou o uso de 411 tipos distintos de venenos.

O atual presidente da entidade, Antonio Galvan, é investigado em inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre atos violentos que ameaçam a democracia. A hipótese é que Galvan e a Aprosoja financiaram atos que pediam uma intervenção militar no Brasil, o fechamento do STF e do Congresso Nacional.

De acordo com o inquérito, no dia 13 de agosto deste ano, 23 empresários do agronegócio, entre eles Antônio Galvan, juntos ao cantor Sérgio Reis, se reuniram na sede da Aprosoja em Brasília para incitar e planejar atos antidemocráticos.

https://youtu.be/to0qsDL1Qv8