Atos antirracistas e antifascistas sofrem intervenção da PM e do MP no interior do Rio de Janeiro

Uma manifestante relatou que foi conduzida à delegacia e pressionada a entregar nomes dos organizadores dos atos

Ato antifascista na Avenida Paulista (Foto: Divulgação/Bancada Ativista)
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Organizadores de atos antirracistas e antifascistas em cidades do interior do Rio de Janeiro relataram nesta sexta-feira (5) terem sido surpreendidos pela Polícia Militar com o objetivo de impedir a realização de mobilizações em cidades da Região dos Lagos e do Norte Fluminense.

"Sempre soubemos que não estariam do nosso lado. Pra quem ainda não está sabendo, para o Ministério Público do RJ o Covid virou desculpa para nos impedir e criminalizar nosso ato. Aos conservadores e fascistas as avenidas estão abertas pra manifestar enquanto pra nós resta a censura", afirma o movimento Black Lives Matter de Rio das Ostras.

Segundo informações obtidas pela Fórum, integrantes do grupo foram surpreendidos com a presença de policiais militares em suas casas. Uma das jovens, que pediu para ter a identidade preservada, foi intimada a comparecer na delegacia e informada pelo delegado que, por determinação do Ministério Público, não poderia haver aglomeração.

Apesar dela alegar que estariam sendo tomadas as devidas precauções para evitar aglomeração, o oficial teria informado que "caso ocorresse o ato, seria considerado um ato contra a saúde pública". "Foi para deixar claro que qualquer pessoa que se manifestasse seria repreendida", afirmou.

Segundo a jovem, que não se reconhece como líder do ato, o delegado a pressionou a dar nomes de pessoas que estariam envolvidas com a mobilização. Ela se recusou a fornecer tal informação.

No instagram, o movimento ainda reforçou que estuda alternativas para retomar a mobilização: "A organização permanecerá trabalhando em busca de alternativas para que consigamos exercer o nosso direito de manifestar.
Permaneçam nos grupos, denunciem o ocorrido e a censura e não desistam! ".

Macaé

Em Macaé, uma situação semelhante também ocorreu. A PM foi até a antiga sede do PSTU notificar que o protesto não poderia ser realizado. Como não havia ninguém, falaram com vizinhos, que repassaram a demanda contra os atos.

"O fato é esse estamos organizando um ato legítimo, parte de um movimento nacional e internacional contra o racismo, contra a violência policial, pelo Fora Bolsonaro e Mourão e estamos sendo criminalizados", declarou um porta-voz do PSTU na cidade - que pediu para ter a identidade preservada. Segundo ele, ainda vai ser deliberado sobre o adiamento ou não do ato.

Jair Bolsonaro

A mobilização da Polícia Militar contra os manifestantes acontece após o presidente Jair Bolsonaro defender que os movimentos antifascistas são terroristas e devem ser criminalizados. No último domingo, fortes atos antifas e antirracistas surpreenderam o ex-capitão e seus apoiadores.

Nas redes há uma grande adesão às pautas. Segundo pesquisadores da área, o discurso bolsonarista tem sido abafado em meios como o Twitter em razão do crescimento das contestações pró-democracia e contra o racismo.

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