Nos últimos anos, as feministas argentinas têm mostrado ser das mais bem organizadas do mundo, realizando massivas manifestações, a favor do aborto livre ou contra a violência de gênero. Porém, a quarentena impede que elas voltem a mostrar esta força nas ruas esta semana.
Por isso, o Movimento Feminista argentino convocou uma mobilização virtual nesta quinta-feira (28), para recordar que a Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Livre completa 15 anos.
A data que certamente levaria milhões de mulheres às ruas, como aconteceu com alguma frequência em 2018 e 2019, e também no último dia 8 de março. Porém, as reuniões massivas estão proibidas no país devido à quarentena, e as próprias organizações feministas são conscientes de que o momento não é para ir às ruas.
No entanto, esse a ideia é não deixar que essa situação impeça a mobilização, da forma que seja, em favor da aprovação do Projeto de Lei sobre Interrupção Voluntária da Gravidez. “Nos rebelamos contra as políticas que buscam disciplinar nossos corpos, governar nossas biografias e biologizar o exercício de nossas identidades” afirmam, em publicações nas redes sociais para organizar o evento, de deverá contar com tuitaços, panelaços e outros tipos de manifestações que não violem a quarentena.
“Em 15 anos de campanha nas ruas e no Congresso, fortalecendo redes em diferentes territórios, por um projeto de lei que contempla a realidade e os direitos das pessoas que são criminalizadas e colocam suas vidas e sua saúde em risco quando decidem abortar”, diz outro material da campanha.
O projeto pelo direito ao aborto na Argentina que já tramitou em diversas versões no Legislativo do país, desde o ano de 2005. Em 2018, teve o seu maior avanço, ao ser aprovado na Câmara. Porém, agora conta com um apoio decisivo: o presidente Alberto Fernández se declarou favorável à iniciativa, e tem instruído a bancada governista a votar a favor da proposta.
O apoio é inédito, o que é curioso, já que não existiu quando o país foi governado por uma mulher: Cristina Kirchner, em seus oito anos de mandato, entre 2007 e 2015, jamais apoiou a proposta, mas hoje, como presidenta do Senado, disse que votará a favor.