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Em decisão proferida na tarde desta quinta-feira (6), o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, atendeu a pedido da diretoria da Petrobras e determinou o bloqueio cautelar das contas bancárias dos sindicatos de petroleiros, além da multa milionária que já havia sido imposta na terça-feira (4), com o objetivo de acabar com a greve da categoria.
De braços cruzados desde o último sábado (1), milhares de petroleiros estão mobilizados contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e a demissão de mil petroleiros, e pelo o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Nesta quinta-feira, mais trabalhadores aderiram à greve, mesmo após a pressão do TST, o que motivou o ministro a tomar a decisão de bloquear as contas dos sindicatos.
Segundo Ives Gandra, os sindicatos "não apenas descumpriram a ordem judicial... como promoveram adesão maior de trabalhadores". A decisão do ministro, a que Fórum teve acesso, permite ainda a Petrobras contratar trabalhadores temporários durante o período de greve. Ele determina, também, que 90% do efetivo de funcionários volte ao trabalho.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), no entanto, já havia avisado na terça-feira que continuaria a mobilização, mesmo com as multas e penalizações impostas. "A FUP e seus sindicatos reinteram que lutaremos para garantir o nosso Direito Constitucional de Greve. Dessa vez, o Ministro Relator não determinou de forma isolada o impedimento de exercitar nosso direito, mas impôs critérios bastante severos para qualquer entidade sindical, seja na proporção do efetivo, seja na multa culminada", escreveu a federação em nota.
"A gente considera essa medida [a decisão do TST] uma resposta muito dura, exacerbada e injusta justamente porque nossa greve tomou um rumo de crescimento, mais plataformas aderiram, plataformas do pré-sal estão prontas para aderir, e o presidente Lula vai dar o ar da graça aqui. É o que deve ter botado mais medo neles", disse à Fórum o coordenador da FUP, Tadeu Porto.
"O Ives fez um ataque muito fora da realidade, considerando um movimento legítimo como uma anomalia, e está multando sindicatos com valores muito maiores do que, por exemplo, o Flamengo quer pagar para os garotos que morreram em um contêiner, ou o que a Vale quer pagar para cada cidadão que ela assassinou ano passado. Querem quebrar a espinha dorsal do movimento sindical. O que podemos dizer é que vamos resistir. Nossa greve continua", completou o petroleiro.
A última atualização da greve dá conta de que estão paralisadas 27 plataformas, 11 refinarias, 14 terminais, 7 campos terrestres 4 termelétricas, uma usina de biocombustível, uma fábrica de fertilizantes, uma fábrica de lubrificantes e uma fábrica de xisto, em 13 estados.
Além disso, cinco petroleiros, incluindo Tadeu Porto, ocupam uma sala da sede da Petrobras no Rio de Janeiro desde o início da greve. Nesta sexta-feira (7), o ex-presidente Lula participará de uma vigília em apoio aos petroleiros no local.