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Luiz Antônio Nabhan Garcia, nomeado recentemente por Jair Bolsonaro como secretário Especial de Assuntos Fundiários - responsável pela reforma agrária -, afirmou em entrevista à Veja divulgada nesta quarta-feira (16) que pretende fechar as escolas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
"Não dá para o Brasil admitir em pleno século XXI fabriquinhas de ditadores. Não dá para admitir escolas de marxistas, de leninistas, de bolivarianos, que ensinam crianças a invadir e cometer crimes. Vamos fechar as escolas e punir os responsáveis pela doutrinação. Aliás, isso tem de ser qualificado como crime. Crime de lesa-pátria". disparou Garcia, que é presidente licenciado da União Democrática Ruralista (UDR).
O ruralista se referiu, em sua ameaça, às 2 mil escolas mantidas pelo MST em acampamentos e assentamentos em todo o país, que atendem a 200 mil alunos. Com seu sistema de educação, o movimento já ganhou prêmios e alfabetizou milhares de crianças.
De forma deliberada, na mesma entrevista, Garcia garantiu que não terá nenhum diálogo com o MST, considerado o maior movimento social da América Latina, e ainda deixou claro que perseguirá seus líderes, como o coordenador João Pedro Stédile que, segundo ele, deveria estar preso.
"Este é o recado que recebi do presidente da República: estarei em sérios problemas se receber os foras da lei do MST, que não têm nem personalidade jurídica. O MST não tem CNPJ. Onde eles fizeram cursos, em Cuba, na Nicarágua, com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ensinaram que o correto é ficar na clandestinidade. Você já viu organização criminosa na legitimidade? Será que o PCC (Primeiro Comando da Capital) tem CNPJ? O Comando Vermelho tem CNPJ?", afirmou.
O novo secretário do governo Bolsonaro é um ferrenho defensor do porte e da posse de armas e, na entrevista, sinalizou que apoiará fazendeiros que usarem arma de fogo contra militantes do MST.
O líder do movimento, João Pedro Stédile, antes da divulgação da entrevista do ruralista, inclusive, já vinha sinalizando, em suas redes sociais, os riscos que o movimento corre com a facilitação do posse de arma e o pensamento anti-movimento social do novo governo. "Latifundiários vão armar capatazes e pistoleiros no interior", escreveu em seu Twitter nesta quarta-feira (15).
Em 2018, o número de mortes decorrentes de conflitos no campo, quando pistoleiros e capatazes atacam sem-terras, indígenas e quilombolas a mando de latifundiários, bateu recorde e atingiu o maior patamar desde 2003. Saiba mais aqui.