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O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) denunciou, na noite deste domingo (3), mais um assassinato de trabalhador do campo. Katison de Souza, liderança do movimento e militante camponês foi encontrado morto com golpes de facões em uma estrada de Santa Izabel, no Pará, na noite de sábado (2).
De acordo com o MPA, Katison já vinha sofrendo ameaças por conta de sua atuação enquanto militante da luta pela terra. “É muito duro saber que a luta pela terra e pelos direitos do campo ainda é marcada com sangue, infelizmente a derrocada que sofremos de nossos direitos democráticos fez esse cenário aumentar”, afirmou Luiz Carlos Sousa, líder do movimento.
Em nota, o Movimento dos Pequenos Agricultores exigiu "justiça e punição aos assassinos e seus mandatários". "Katison foi mais uma vítima da violência no campo uma pratica frequente dos “Senhores” que se apropriam das terras e usam como ferramenta para gerar lucro a qualquer custo, mesmo que para isto, tenha que tirar vidas para manter sua estratégia de lucro", diz a nota. [Leia a íntegra ao final desta matéria]
Em nota enviada à reportagem da Fórum, a Secretaria do Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Pará (SEGUP) informou que está ciente do caso e que já trabalha em uma linha de investigação com um suspeito. De acordo com o órgão, o crime estaria ligado "à disputa pela extração ilegal de madeira de lei no interior de um terreno que foi invadido nessa região". A nota diz ainda que "o suspeito do crime é também trabalhador rural da área e sumiu da área após o crime".
Confira a nota na íntegra.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informa que a Polícia Civil já trabalha com uma linha de investigação e com um suspeito da autoria do assassinato do agricultor Katyson de Souza Gatinho, morto a golpes de faca na cabeça, em um ramal, localizado à altura do KM 5, da rodovia PA 140, zona rural de Santa Izabel do Pará, no último sábado (02). O crime estaria ligado à disputa pela extração ilegal de madeira de lei no interior de um terreno que foi invadido nessa região. O suspeito do crime é também trabalhador rural da área e sumiu da área após o crime.
As informações preliminares foram apuradas pela equipe de policiais civis de plantão na Seccional de Santa Izabel do Pará. A informação do homicídio chegou ao conhecimento dos policiais civis por volta de 6h30 da manhã de sábado. O equipe de policiais civis de plantão foi até o local do crime, onde constataram a morte de Katyson de Souza Gatinho.
Foi solicitada remoção do corpo, perícia de necropsia e perícia de local de crime ao Centro de Perícias Científicas Renato Chaves de Castanhal, o que foi efetuado por peritos criminais no mesmo dia. A equipe de policiais civis realizou investigações na região onde o crime ocorreu. Foram colhidos diversos depoimentos de pessoas que era ligadas à vítima, o que permitiu chegou à linha de investigação do crime.
Escalada da violência no campo
O assassinato da liderança do MPA se soma a uma escalada de violência contra trabalhadores do campo e militantes sem terra ou da causa social.
Um estudo da Comissão Pastoral da Terra aponta que, somente em 2017, foram registrados 70 assassinatos no campo (15% a mais que em 2016), quase sempre de militantes sociais, executados a mando de fazendeiros. Os assassinatos, muitas vezes, vêm em forma de massacres, não poupando sequer mulheres ou crianças. No ano passado, um dos mais notórios foi aquele que ficou conhecido como "Chacina de Pau D'arco", em que 10 trabalhadores rurais foram alvo, de acordo com investigações da Polícia Civil, de "execuções sumárias".
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A Comissão Pastoral da Terra reúne dados e levantamentos sobre assassinatos do tipo no site Massacres no Campo. Acesse aqui.
Nota do Movimento dos Pequenos Agricultores
O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) vem expressar sua indignação com assassinato do companheiro Katison de Souza militante do Movimento no Estado do Pará.
Katison foi mais uma vítima da violência no campo uma pratica frequente dos “Senhores” que se apropriam das terras e usam como ferramenta para gerar lucro a qualquer custo, mesmo que para isto, tenha que tirar vidas para manter sua estratégia de lucro.
Katison pelo contrário lutava pela terra afim de trazer segurança para seus quatros filhos e companheira, assim como na busca da dignidade dos excluído desta sociedade que lutam pela terra para produzir o pão sagrado de cada dia, para alimentar a esperança daqueles e aquelas que tiram seu sustento.
Queremos justiça e punição aos assassinos e seus mandatários.
Nos roubaram sua presença física companheiro, mas segues vivo em nossos sonhos e lutas Katison. Segues vivo em cada sem-terra, em cada camponês que fazem de suas necessidades a luta legitima por um simples pedaço de chão.
Expressamos nossa solidariedade aos amigos e familiares, e ecoamos o nosso grito por justiça.
A violência e a arma dos ignorantes e dos opressores. Camaradas do Pará e familiares muita fora e solidariedade.
Por nossos mártires, nenhum minuto de silêncio por toda uma vida de luta!