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Aproveitando o final de semana da Virada Cultural em São Paulo, ativistas e associações de vendedores de rua criaram a campanha #DignidadeAmbulante - um chamamento para que a população denuncie as operações do "rapa", quase sempre executadas com abusos e arbitrariedades
Por Redação
Começa na próxima sexta-feira (20) a tradicional Virada Cultural na capital paulista. Para acompanhar os shows e apresentações, o público sempre espera aquele trabalhador com um isopor, uma barraca ou um carrinho vendendo bebidas. Eles são representantes dos cerca de 148 mil vendedores ambulantes que existem na capital.
Apenas cerca de 2 mil trabalhadores, no entanto, conseguiram cadastro junto à prefeitura para atuar de forma regularizada. Os outros 146 mil caem na clandestinidade e, em grandes eventos como a Virada Cultural, o limite e as burocracias impostas para o cadastro são ainda maiores. Como forma de impedir que essas pessoas atuem, o poder público realiza os chamados "rapas", operações policiais para repreender e apreender mercadorias de ambulantes ilegais.
O que mais chama a atenção nessas abordagens, no entanto, são os abusos e as arbitrariedades quase sempre cometidos. A violência, neste tipo de operação, parece ser um padrão.
Com o intuito de ampliar a rede de proteção dessas pessoas, ativistas das Brigadas Populares, em parceria com entidades de vendedores de rua, lançaram a campanha #DignidadeAmbulante. A ideia é que as pessoas, ao longo do final de semana da Virada Cultural, postem fotos e relatos na página do grupo no Facebook ou utilizem a hashtag à medida que se depararem com casos de violência policial na operação do "rapa".
"Começa a Virada, termina a Virada, todo mundo feliz. Todo mundo bebeu, todo mundo comeu… Mas de onde vem tanta bebida, tanta comida? Você passa as 24h entre sábado e domingo na maior festa, mas tem gente trabalhando duro. Só em São Paulo são 148 mil ambulantes. Destes, apenas 2 mil conseguem o direito de trabalhar legalmente. Os outros 95%? Tem que correr todo dia do Rapa pra garantir o sustento!", escreveu o grupo na página do evento no Facebook.
Para ter mais informações sobre a campanha, acesse a fanpage ou o evento de denúncias criado para a Virada Cultural.
O evento da prefeitura serviu como um gancho para iniciar a campanha, mas os ativistas garantem que a ideia é fortalecer uma rede permanente de proteção aos vendedores.