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Esta foi a maior ocupação de terras já realizada pelo movimento em todo o país; manifestantes pedem uma política habitacional definitiva para 2,6 mil famílias
Por Maíra Streit
BRASÍLIA - Após acordo com o governo do Distrito Federal, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) estão desarticulando a mobilização promovida desde a madrugada de sábado (7). Ao todo, foram seis terrenos ocupados simultaneamente – nas cidades de Brazlândia, Planaltina, Recanto das Emas, Samambaia, Taguatinga e Ceilândia –, o que configura a maior ação deste tipo já realizada no país.
Para Eduarda Maria da Conceição, uma das coordenadoras do movimento, a retirada das famílias se deu em um clima de acordo consensual, mas nada impede que outras ocupações sejam feitas caso as demandas não sejam atendidas. “Por ser um governo novo, resolvemos dar um voto de confiança. Mas se não cumprirem as propostas, vamos fazer o que costumamos fazer. Tem que ter moradia digna para todas as famílias. Não vamos parar até que todas as exigências sejam cumpridas”, afirmou.
O MTST reivindica uma política habitacional definitiva para 2,6 mil famílias, incluindo moradia popular e serviços públicos de qualidade. Para isso, foi pedida a doação de terrenos em nome da entidade para a construção de casas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Em reunião com o subsecretário de Movimentos Sociais e Participação Popular, Acilino Ribeiro, ficou acertado que o governo do Distrito Federal irá analisar juridicamente a possibilidade. Um novo encontro ficou marcado para o próximo dia 27, quando o movimento deve apresentar resoluções para a habitação do grupo no DF.
Enquanto isso, os barracos feitos de lona, galhos de árvore e bambu já estão sendo desmontados pelos manifestantes e os terrenos devem ser liberados até as 18h desta quarta-feira (11). A maioria deles não tem para onde ir.
É o caso de Cássia Cristina, que contou estar desempregada e sem condições de sustentar sozinha os seis filhos. “Acho que vou colocar o meu barraco em frente ao Palácio do Buriti [sede do governo local]. Não sei onde vou dormir”, comentou. Ela foi despejada após atrasar o aluguel da casa onde morava e diz que sente falta de itens básicos, como leite e fraldas para as crianças.
Faustino Ferreira, conhecido como ‘Maranhão’, vive o mesmo dilema. Ele está desempregado e, antes de ir para o acampamento, alugava uma pequena casa de quatro cômodos que dividia com a esposa, a filha e o neto. “É tudo o que a gente precisa: moradia digna. Enquanto o governo não decidir, vou estar na luta com os militantes. Por mim, por eles e por todos”, ressaltou.
Foto de capa: MTST