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Julgamento do dirigente produz uma "expectativa que a paz no campo possa deixar de ser a paz dos cemitérios", afirmou vereador Paulo Porto (PCdoB) que lembrou da "impunidade" que impera nos conflitos fundiários
Por Redação
[caption id="attachment_36665" align="alignleft" width="300"] Marcos Prochet (Imagem: Reprodução/TV Globo)[/caption]
Começa, nesta sexta-feira (22), o julgamento de Marcos Prochet, ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), acusado de assassinar Sebastião Camargo, um agricultor sem terra, em fevereiro de 1998.
Camargo foi assassinado durante um despejo feito arbitrariamente, sem amparo judicial, por Prochet e 30 pistoleiros, na fazenda Boa Sorte, que fica na cidade de Marilena, no Paraná. Além da morte do agricultor, outras 17 pessoas ficaram feridas.
Segundo a investigação, os pistoleiros foram contratados por fazendeiros da região. Prochet, então presidente da UDR, acompanhava a operação ilegal e teria efetuado o disparo que vitimou Camargo.
O latifúndio onde Sebastião Camargo foi morto já havia sido declarado improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA quando o crime ocorreu. O então proprietário da fazenda Boa Sorte, Teissin Tina, estava negociando com o INCRA a desapropriação da terra, que foi destinada à reforma agrária.
Em 2001 o proprietário recebeu R$ 1,3 milhão pela desapropriação da área, onde foi criando um assentamento de reforma agrária, que leva o nome do agricultor assassinado.
Prochet já conseguiu que o julgamento fosse adiado por duas vezes. Desta vez não foi diferente, a defesa do ruralista pediu adiamento ao juiz do Tribunal do Júri de Curitiba Daniel Ribeiro Surdi Avelar, ao Tribunal de Justiça do Paraná e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Todos os recursos foram negados. O extravio do processo, por duas vezes, cooperou para a morosidade do julgamento.
O vereador Paulo Porto (PCdoB), de Cascavel, no oeste do Paraná, lembrou que a morosidade da Justiça beneficia os fazendeiros em todo o Brasil. “Em um país marcado pela impunidade, em especial nos conflitos fundiários, como na escandalosa impunidade dos mais de 250 assassinatos de Guarani Kaiowá a mando do agronegócio do Mato Grosso do Sul, o exemplo do julgamento do ruralista Marcos Prochet – ainda que raro – nos dá o mínimo de expectativa que a paz no campo possa deixar de ser a paz dos cemitérios e passe a ser a paz oriunda da efetivação da reforma agrária e da garantia dos direitos dos povos da floresta e dos camponeses de terra.”