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Ao lado de militantes de movimentos sociais, estudantes participavam de protesto da jornada nacional em defesa da educação pública
Por Ana Claudia Mielki e Luís Brasilino
Às 2h30 da manhã desta quarta-feira, 22, a tropa de choque, unidade da Polícia Militar (PM), entrou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, e, com truculência, retirou os cerca de 350 estudantes e trabalhadores que faziam uma ocupação pacífica no local. Mais da metade dos manifestantes foi levada em quatro ônibus ao 1º Distrito Policial, enquanto outros ainda aguardam liberação em frente ao prédio da Faculdade.
A ocupação, que começou por volta das 17 horas, fazia parte da jornada nacional em defesa da educação pública. Logo no final da tarde, os manifestantes realizaram uma aula pública e tiveram uma reunião com a diretoria da faculdade para apresentar os pontos de reivindicação. Eles também assistiram a um show do Tom Zé por volta das 20 horas. Como a ocupação seguia pacífica, estudantes e militantes dos movimentos sociais decidiram dormir por volta da meia noite.
Segundo relato do estudante de jornalismo Fábio Nassif, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por volta de 1h10 eles ouviram os gritos dos policiais da choque, que passaram correndo pelas escadas que davam acesso ao local da ocupação. “Eles subiram pelo anexo, pelas escadas, correndo. A gente ouviu eles chegarem com armas em punho, com truculência, gritando. A gente acabou entrando na Sala do Estudante, que é um auditório. Tentamos negociar, mas a choque foi empurrando todo mundo pra fora”, conta.
Foto: Centro de Mídia Independente
Presença policial em peso na ocupação simbólica ao prédio da faculdade de Direito da USP
Agressões - Para ter acesso ao prédio, policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE) quebraram o cadeado que havia sido colocado pelos próprios estudantes na entrada do prédio como forma de segurança. Alguns estudantes foram agredidos fisicamente. “Eles bateram até em pessoas que estavam deitadas”, conta um deles. Entre os agredidos está Idelcino Marcos dos Santos, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que sofreu algumas escoriações. A informação da Polícia é de que a ação foi tranqüila, que não tem “ninguém machucado” e que o patrimônio da Faculdade não sofreu nenhum dano. Os estudantes estariam sendo levados ao Distrito apenas para identificação.
Para justificar a transferência ao DP, o coronel Álvaro Camilo, que comandou a operação, afirmou que o procedimento estava sendo adotado para evitar que militantes do “MST se auto-lesionassem com o objetivo de alegar que houve violência policial”. Ele acrescentou que os manifestantes foram retirados como “precaução para própria sociedade”. Porém, para a defensora pública Anaí Rodrigues, que também estava no local, “isso não pareceu uma justificativa razoável”. Advogados e políticos presentes para tentar intermediar a desocupação foram impedidos de entrar. Nem mesmo a imprensa teve, até o momento, acesso.
Do lado de fora da faculdade os estudantes foram isolados e colocados em ônibus, sendo que alguns tiveram que ficar agachados e ajoelhados em fileiras. Até as 4h30 da madrugada desta quarta-feira, muitos ainda aguardavam do lado de fora da faculdade para serem encaminhados do DP, entre eles, estudantes, trabalhadores e até mesmo crianças de colo. Os que já estão no DP estão sendo identificados. As informações dão conta de que apenas os militantes do MST e negros estão sendo fichados e obrigados a assinar Boletim de Ocorrência. Aos poucos, os estudantes estão sendo liberados.
Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a ação policial foi motivada por pedido do diretor da Unidade, João Grandino Rodas, que enviou carta solicitando a retirada dos manifestantes. Participaram da operação 120 policiais, sendo 40 do Batalhão de Choque, 60 da Força Tática e 20 policiais femininas.
Foto: Centro de Mídia Independente
Oficiais armados na operação
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