O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, publicou um artigo no jornal O Estado de S. Paulo, nesta segunda-feira (13), no qual faz duríssimas críticas ao próprio veículo de comunicação. O texto, um verdadeiro “cacete histórico”, deixa claro que o velho tabloide paulista, desde sempre alinhado ao conservadorismo, prefere romper qualquer lógica que deveria alinhar a imprensa ao estado democrático de direito e passar então a alimentar o ambiente de ódio que inunda o país. Barroso lembrou que o “Estadão” passou o último ano atacando com raiva a Corte.
“No último ano, o jornal O Estado de S. Paulo produziu mais de 40 editoriais tendo por objeto o Supremo Tribunal Federal (STF) ou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgãos que presido. Por um lado, tal fato revela a importância que o Judiciário tem na vida brasileira, seu papel na preservação da estabilidade institucional e nas conquistas da sociedade. O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela. E, no entanto, praticamente todos os editoriais foram duramente críticos, com muitos adjetivos e tom raivoso. Ainda que não deliberadamente, contribuem para um ambiente de ódio institucional que se sabe bem de onde veio e onde pretendia chegar. Ao longo do período, o jornal não vislumbrou qualquer coisa positiva na atuação do STF ou do CNJ. Faz parte da vida. Parafraseando Rosa Luxemburgo, liberdade de expressão é para quem pensa diferente. Mas o que existe está nos olhos de quem vê”, começa o ministro, destroçando a publicação detratora.
Depois de listar uma imensidão de temas relevantes que foram arbitrados no STF, e que naturalmente tiveram grande relevância para a sociedade brasileira, Barroso diz no artigo que, ainda assim, o jornal tem o direito de “não gostar” do tribunal, mas que ficar insistindo na já batida cantilena de que seus ministros querem “aparecer” não é algo que corresponda à verdade, já que todas as sessões do Supremo são televisionadas.
“Em suma, é possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo Tribunal Federal. Mas criticar o Supremo por aplicar a Constituição é que não é justo. A referência ao “afã por holofotes” tem pouco sentido. Nós julgamos “na frente dos holofotes”, com transmissão por TV aberta. É a lei. Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição”, acrescentou Barroso.
Em relação à sanha do “Estadão” de ficar repercutindo “pesquisas de opinião” sobre o STF para jogar seus leitores contra a Corte, o ministro deu uma aula simples para o velho jornal, explicando o que significa uma pesquise e relembrando que uma coisa entendida por um grupo de pessoas não é, necessariamente, algo verdadeiro.
“Os editoriais procuram dar especial ênfase a pesquisas de opinião com porcentuais negativos. Tais pesquisas revelam, no máximo, o que um grupo de pessoas pensa, e não o que é a verdade. Quando o Supremo determina a desintrusão de 5 mil garimpeiros de uma terra que possuía mil indígenas, uma pesquisa na região revelaria grande impopularidade do tribunal. Popularidade e legitimidade são coisas completamente diferentes. A propósito, nenhum ministro do STF recebe remuneração acima do teto constitucional”, escreveu ainda.
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