MÍDIA GOLPISTA

Globo mente descaradamente ao atribuir à "reforma trabalhista de Temer" desemprego de 6,8%

Editorial da família Marinho no jornal O Globo espanca dados do IBGE, que mostram que o desemprego subiu nos governos Michel Temer e Bolsonaro, para defender reforma neoliberal que roubou direitos dos trabalhadores

Eduardo Cunha com João Roberto Marinho, da Globo, em 2015 e Michel Temer.Créditos: Maryanna Oliveira Câmara dos Deputados / Beto Barata PR
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Em editorial neste domingo (15), o jornal O Globo - porta-voz político da família Marinho - mentiu descaradamente para tentar minimizar o efeito Lula na economia, que levou a taxa de desemprego a 6,8% no trimestre encerrado em julho. O índice, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o menor da série histórica da PNAD Contínua, iniciada em 2012.

Sem pudor algum, o editorial afirma que "entre as hipóteses levantadas para explicar a criação de vagas formais, a mais provável é a reforma trabalhista feita pelo governo Michel Temer".

"Aprovada em 2017, ela desestimulou a indústria do litígio trabalhista. Com menos insegurança jurídica, houve queda no número de processos trabalhistas “aventureiros”, e as empresas se sentiram mais confiantes para contratar funcionários com carteira assinada", segue O Globo, na maior cara de pau, dizendo que "esse é o principal legado das mudanças".

Ao defender a tese, a família Marinho espanca os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD Contínua), apresentados em 30 de agosto.

O histórico da pesquisa mostra a queda acentuada do desemprego desde o início do governo Lula 3, que retoma índices do governo Dilma Rousseff (PT) em 2012 - quando teve início o estudo -, após a explosão do desemprego com Temer e Jair Bolsonaro (PL).

O IBGE mostra que no mesmo período - maio, junho e julho - em 2012, o desemprego atingia 7,5% da população, seguido num patamar abaixo dos 9% até 2015.

Em 2016, já sob a sombra do golpe de Temer contra Dilma, o desemprego começou a escalar e a taxa foi a 11,7% no trimestre.

Em 2017, quando Temer impôs a Reforma Trabalhista neoliberal - costurada com setores empresariais e a mídia golpista -, a curva do desemprego começou a subir, atingindo 12,9%.

O ponto mais alto no período se deu, justamente, três anos após a aprovação da reforma, já sob o governo Jair Bolsonaro (PL), quando a taxa chegou a 14,1% entre maio e julho de 2020. Um ano depois, o índice ainda estava em 13,7%.

Com a retomada da economia e as medidas eleitoreiras de Bolsonaro, em 2022, o desemprego começou a recuar, mas manteve-se ainda acima dos 9%.

No primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o índice recuou para 7,9% até chegar aos atuais 6,8%, como mostram os dados oficiais do IBGE.

Fonte: PNAD Contínua / IBGE

Reforma de Temer

Ao final de seu editorial mentiroso, O Globo lembra o embate do campo progressista e dos trabalhadores dizendo que "quando a proposta de reforma trabalhista foi apresentada, não faltaram críticas à flexibilização dos contratos de trabalho".

Ao contrário do que o jornal diz, a reforma tirou direitos dos trabalhadores e desmontou sindicatos, que tinham poder coletivo de barganha com as entidades patronais.

Sem embasamento algum em dados, O Globo afirma ainda que "uma das lições da reforma trabalhista é o imperativo de analisar propostas sem preconceitos, depois examinar os resultados com base em evidências" e festeja dizendo que "a reforma de Temer é uma prova de que no Brasil é possível haver mudança para melhor". Sem dizer, no entanto, melhor para quem.

No BlueSky, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT) classificou como "inacreditável" o editorial surreal da família Marinho.

"Inacreditável editorial do Globo, atribuindo retomada de empregos no Brasil de hj à reforma trabalhista do golpe, que só tirou direitos. Q ñ se conformem com êxito do Lula a gente até entende. Mas ignorar políticas de renda, salário e investimento de Lula, ofende a inteligência. Menos Globo, menos…", escreveu.