Os jornalões cobram transparência de todo mundo, mas gostam de ter seus segredinhos, como este relativo à desoneração das folhas de pagamentos das empresas.
Foi uma Lei assinada pela presidenta Dilma Rousseff de 2011 que em troca da desoneração pedia em contrapartida que as empresas contratassem funcionários com registro em carteira.
Veja os setores beneficiados pela desoneração da folha:
- Confecção e vestuário;
- Calçados;
- Construção civil;
- Call center;
- Comunicação;
- Empresas de construção e obras de infraestrutura;
- Couro;
- Fabricação de veículos e carroçarias;
- Máquinas e equipamentos;
- Proteína animal;
- Têxtil;
- TI (tecnologia da informação)
- TIC (tecnologia de comunicação)
- Projeto de circuitos integrados;
- Transporte metroferroviário de passageiros;
- Transporte rodoviário coletivo;
- Transporte rodoviário de cargas.
Destacada em negrito está a área de Comunicação, onde se encaixam O Globo, Folha e Estadão. Todos ardorosos defensores da desoneração da folha, críticos do governo quando este falou em acabar com ela este ano.
Detalhe: nenhum dos jornalões jamais explicou ao distinto público que tinha interesse direto na matéria, que todos se beneficiam da medida, desde 2012, quando foi implementada.
Hoje, todos informam que a manutenção da desoneração está assegurada até 2028, faltando apenas a assinatura do presidente Lula.
E os empregos?
Mas, e a contrapartida das empresas? Foram gerados mais empregos na área de Comunicação?
Segundo o Sindicato dos Jornalistas do SP a resposta é não. Pelo contrário.
O mercado de trabalho formal para jornalistas no Brasil encolheu 21,3% no intervalo de nove anos. Em números absolutos, a categoria saiu de 60.899 empregos celetistas, em 2013, para 47.900 postos com carteira assinada, em 2021, último ano da série histórica, evidenciando uma perda de 12.999 vagas. É o que mostra estudo elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Aqui, em detalhes, no gráfico:
Mas comunicação não é apenas jornalismo. Quantos atores, inclusive grande e famosíssimos atores, foram demitidos pela Rede Globo nos últimos anos? Vários deles perderam o vínculo com a emissora e agora trabalham apenas por obra contratada.
Já que O Globo, Folha e Estadão estão se beneficiando da medida, que venham a público mostrar que estão fornecendo a contrapartida em empregos ou estamos autorizados pela informação do Sindicato dos Jornalistas e pelas publicações das demissões de estrelas da Globo, que eles estão embolsando o que pagariam em impostos e lucrando com aplicações no mercado financeiro.
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