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Folha faz propaganda disfarçada de produto proibido e leitores não perdoam

O que importa se faz mal e até mata, se dá lucro e gera impostos? Parece ser o raciocínio da propaganda travestida de reportagem da Folha

Créditos: Webysther, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
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A Folha parece que adotou ou foi adotada pela indústria do tabaco. Além de ter seu projeto de checagem patrocinado pela Philip Morris Brasil, publicou uma propaganda descarada de produto proibido pela Anvisa, disfarçada de matéria. Um oferecimento da BAT Brasil, que significa British American Tobacco do Brasil. Mais conhecida como antiga Souza Cruz.

O título já diz tudo o que interessa ao capitalismo: "Governo perdeu R$ 3,4 bilhões em impostos com veto a cigarros eletrônicos, diz Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais )". O estudo foi patrocinado pela BAT Brasil e trabalha com valores que deixam os neoliberais em gozo.

 

Mesmo sendo proibido no Brasil, "somente entre 2022 e 2023, as vendas cresceram tanto que a projeção de tributos que o governo deixou de receber chegou a R$ 3,4 bilhões —R$ 1,2 bilhão a mais do que o projetado para 2022". Fala também na até possível geração de 124,5 mil novos postos de trabalho formais e informais.

"Dentre os benefícios, estima-se que a demanda potencial poderia representar um mercado de R$ 10,5 bilhões ao ano, enquanto a arrecadação poderia chegar a R$ 3,4 bilhões em impostos federais", diz o economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio.

 

Os leitores perceberam a manobra da propaganda travestida de reportagem e desceram o pau na Folha. A começar pelos comentários no próprio jornal: 

  • "Vocês não têm vergonha na cara em fazer esse tipo de conta? Quanto vale a vida humana?"
  • "Isso Julio, recomendo então que você, seus filhos e seus netos se empenhem bastante em fumar esses dispositivos, no intento de colaborar com a economia do país!!"
  • "Que matéria vergonhosa e absurda FSP!! "Postos de trabalho" às custas de câncer na população??? Tudo pelo dinheiro? Por isso que nosso país está essa maravilha....veja o nível da "elite" intelectual...."
  • "Abrir o mercado para a venda de produtos nocivos à saúde da população para arrecadar impostos. Qualquer comentário a respeito dessa ideia com certeza seria censurado por causa da linguagem usada: agressiva e de baixíssimo calão."
  • "Estudo patrocinado por produtora de cigarro. Isso é assessoria de imprensa. E o impacto dos cigarros no SUS? Certamente muito maior. Quais doenças esse cigarro acarreta? Vocês deviam ter vergonha de publicar isso."

Os nomes dos assinantes estão na Folha, e esses são apenas alguns dos comentários negativos.

No X, antigo Twitter, a reação não foi menor. São mais de mil comentários, uma maioria de mais de 90% criticando de modo veemente o jornalão.

 

Na luta pela sobrevivência a mídia corporativa perde a vergonha e lança mão de qualquer recurso, até propagandear um produto proibido no Brasil, que mata, fingindo que faz reportagem.