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Tucker Carlson é a mais nova vítima do ‘Vampetaço’ nas redes sociais

Ex-âncora da Fox News gravou entrevista com Eduardo Bolsonaro, recheada de fake news, e disse que Lula seria um ‘fantoche’ da China

Tucker Carlson é a mais nova vítima do ‘Vampetaço’ nas redes sociais.Créditos: Gage Skidmore from Peoria, AZ, United States of America (via Wikimedia Commons)
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Uma semana depois de Israel Katz (chanceler de Israel) foi a vez o famoso jornalista Tucker Carlson, identificado com a extrema direita dos EUA, ser a nova vítima do famoso “Vampetaço”, protagonizado por internautas brasileiros nas redes sociais. Assim como o antecessor israelense, ele causou a ira dos usuários ao espalhar mentiras sobre nossa democracia.

No caso de Israel Katz, o chanceler publicou charge em resposta às declarações do presidente Lula (PT) que acusou o Estado de Israel de cometer um genocídio na Faixa de Gaza. Na publicação, o chanceler não apenas discordou do petista, mas tentou desmoralizar o campo democrático brasileiro insinuando que haveria outros setores da sociedade, sobretudo a oposição bolsonarista, que não seriam “antissemitas” como Lula.

Mas o presidente não foi antissemita, uma vez que não fez ataques ao povo judeu, mas às políticas de Benjamin Netanyahu que, neste sábado (2), enfrenta manifestações que pedem o fim do seu governo em Tel-Aviv.

Dessa vez, o “Vampetaço” na página de Tucker Carlson foi convocado na última sexta-feira (1) pelo perfil “jairmearrependi” por conta de uma entrevista que o jornalista publicou com Eduardo Bolsonaro no dia anterior em que diz que as eleições brasileiras foram fraudadas pela CIA e que Lula é um "fantoche da China". 

Bastou o vídeo viralizar entre o público brasileiro para que as imagens do ex-jogador Vampeta, ainda jovem, em pôster nu para revista de conteúdo erótico, passasse a circular nos comentários com uma tarja na região genital. Nela está escrito: “Jail Bolsonaro”, ou “Bolsonaro na cadeia”.

Reprodução/X

O festival de fake news

Durante a conversa, Eduardo admitiu a Tucker Carlson que tem medo de ser preso. A confissão foi ao ar na última quinta-feira (29) nas redes sociais do ex-âncora da Fox News, famoso por ser um ferrenho defensor da extrema direita dos EUA e internacional.

A conversa entre eles foi um verdadeiro festival de fake news. Após deixar a Fox News Carlson começou um projeto pessoal de comunicação que ganhou alguma notoriedade nas últimas semanas por conta de entrevista com Vladimir Putin, o presidente da Rússia. Na conversa com Eduardo Bolsonaro ele afirmou que o Brasil tem um governo pró-China que foi eleito mediante fraude nas eleições.

Logo após a descabida declaração do estadunidense, Eduardo Bolsonaro concordou e disse que “precisa tomar cuidado” com suas palavras, uma vez que o tema é “sensível” no Brasil. Em seguida, o apresentador pediu maiores explicações ao deputado.

“Tem um congressista na cadeia porque fez um vídeo, Tucker, falando coisas ruins sobre a Suprema Corte. Esse homem, um congressista, foi condenado a 9 anos. Seu nome é Daniel Silveira”, contou.

O vídeo que Eduardo Bolsonaro se refere é um gravado em 2021 por Silveira. Na ocasião, o então deputado disse que Gilmar Mendes vendia habeas corpus, que imaginava Fachin “tomando uma surra” e xingou outros ministros do STF. Hoje ele está preso, com mandato cassado e expulso do PTB de Roberto Jefferson, que atirou contra policiais federais. Chocado com a história, Tucker Carlson então pergunta a Eduardo se o Brasil é um país livre.

“No Brasil temos alguns artigos na Constituição que garantem a senadores e congressistas, como eu, que você não receba nenhum tipo de punição sobre o que fala. Nós temos liberdade de expressão no Brasil, ao menos na Constituição. Mas esse deputado está na prisão e as coisas estão piorando”, finaliza Eduardo, visivelmente preocupado em ter o mesmo destino de Silveira.

Carlson termina o assunto se dizendo “impressionado” com a situação. “Obviamente o Brasil não é um país livre levando isso em consideração”, finalizou. Eduardo então aproveitou a deixa para reafirmar a narrativa extremista lembrando os casos de Allan dos Santos, Rodrigo Constantino e do próprio Paulo Figueiredo como se fossem “vítimas de perseguição” e não cidadãos brasileiros que propagaram desinformação e/ou cometeram crimes.

Allan dos Santos está nos EUA para onde fugiu após ter tido um pedido de prisão preventiva expedido pelo STF em 2021. Acusado de ameaçar a Suprema Corte e espalhar fake news, também foi banido das redes.

Já Figueiredo e Constantino, outrora comentaristas de grande alcance na Jovem Pan, foram afastados dos seus cargos em janeiro por conta de um inquérito instaurado contra a emissora pelo Ministério Público Federal de São Paulo. A empresa é acusada de propagar desinformação e fazer agitação midiática de atos golpistas e antidemocráticos.

“Sempre existe o risco de ser preso pela Suprema Corte. Para ser sincero, não é toda a Suprema Corte, mas um ministro chamado Alexandre de Moraes. Ele abriu uma investigação por mais de 5 anos perseguindo, normalmente, conservadores. Então, estes cavalheiros, Allan dos Santos, Paulo Figueiredo e Rodrigo Constantino, estão morando aqui porque estão censurados no Brasil”, finalizou Eduardo.