A produtora de filmes Brasil Paralelo é a empresa que mais gastou em anúncios na Meta, dona do Facebook e Instagram nos últimos quatro anos. A Meta disponibiliza todos os anúncios veiculados na plataforma que envolvam temas sociais, eleições ou política desde 2020. Para conseguir veicular um anúncio dessas temáticas é preciso criar um rótulo na plataforma e todos os anúncios vendidos constam na “Biblioteca de Anúncios”. Desde 4 de agosto de 2020 até 15 de março de 2024, a Brasil Paralelo gastou R$ 22.231.465,00 na Meta.
Os valores são impressionantes, tendo em vista que no segundo lugar do ranking está o governo federal, que gastou quase a metade do que a Brasil Paralelo no período: R$ 10.269.371,00.
Em sétimo lugar está Jair Bolsonaro, com R$2.782.705,00, e em oitavo a Revista Oeste com R$2.732.800,00 pagos para a Meta, mostrando que os conteúdos com viés de extrema direita estão tendo investimentos milionários no país.
O Partido Liberal aparece logo a frente com gastos de R$2.395.082,00 referentes à campanha à reeleição de Jair Bolsonaro em 2022.
Milhões contra ideias de esquerda
Somente nos últimos sete dias, a Brasil Paralelo investiu quase R$ 242 mil na plataforma e a Revista Oeste quase R$ 153 mil, o que mostra que ambas as empresas seguem investindo pesadamente na divulgação de seus conteúdos.
O foco dos anúncios da Brasil Paralelo é um vídeo em que supostamente é mostrada a verdadeira “história do comunismo”, abordando a Revolução Cubana, a queda do muro de Berlim e o “comunismo da China”, com chamada para assinaturas.
A empresa foi fundada em 2016 e se define como uma “empresa privada de jornalismo, entretenimento e educação” e dizem que “não recebem nenhum tipo de financiamento de partidos, políticos, movimentos, leis etc. “Nunca recebemos e nunca receberemos nem mesmo um real do dinheiro público. Nossa receita advém da venda de assinaturas de conteúdo para os nossos membros”, afirmam.
É possível assinar a Brasil Paralelo por menos de R$ 10 por mês. São três planos de R$9,5 a R$29,5. Eles dizem que tem 400 mil membros.
A empresa se dedica à produção de conteúdos contra valores progressistas, por exemplo, contra o feminismo, “ideologia de gênero”, em defesa do homeschooling, entre outras bandeiras.
Já a Revista Oeste reúne colunistas de extrema direita alinhados a Bolsonaro, como Alexandre Garcia, Augusto Nunes e a ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel. Vende assinaturas a R$ 24/mês. “Nosso trabalho é financiado apenas pelos nossos assinantes. Não aceitamos dinheiro público, seja de políticos ou empresas estatais”, dizem.