A Netflix terá de pagar 385 mil dólares, o equivalente a cerca de 2,344 milhões de reais pelo câmbio atual, a uma mulher estadunidense que teve sua identidade revelada no documentário Our Father (Pai Nosso?, na versão em português).
O filme produzido pela gigante do streaming trata do caso do médico Donald Cline, que gerou secretamente 94 filhos por meio de tratamentos fraudulentos de fertilidade. Lori Kennard foi mencionada como sua descendente e foi uma das três “crianças secretas” que tiveram seus nomes foram exibidos e processaram a empresa.
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Após um julgamento de quatro dias no tribunal federal em Indianápolis, o tribunal decidiu a favor de Kennard na quinta-feira (5). Contudo, o júri composto por oito membros se recusou a conceder qualquer reparação à outra autora, Sarah Bowling. Já a terceira mulher que também entrou com uma ação contra a companhia teve suas alegações rejeitadas antes da realização da audiência.
Donald Cline usou seu esperma nas décadas de 1970 e 80 para engravidar dezenas de pacientes sem o conhecimento delas. As mulheres foram informadas que os doadores eram residentes médicos e que cada um teria seu material utilizado para apenas três gestações bem-sucedidas.
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Em 2015, os crimes de Cline foram descobertos depois que vários de seus filhos, agora adultos, fizeram testes de DNA.
Privacidade violada
Kennard teve seu nome mostrado por aproximadamente um segundo em uma cena quando uma lista de correspondências do 23andMe, empresa que fez os testes genéticos, é visualizada.
Já os nomes de Bowling e da terceira demandante são vistos coletivamente por mais de dez segundos em duas cenas e em um trailer de forma semelhante.
Menos de duas semanas após o lançamento do documentário, seus nomes foram borrados, mas, àquela altura, mais de 18 milhões de espectadores já haviam assistido ao filme.
A Netflix argumentou, em sua defesa, que os nomes apareciam de forma fugaz e que elas teriam aberto mão de sua privacidade ao ingressarem em um grupo privado do Facebook no qual os filhos secretos de Cline se conheceram.
Ao fim, o júri determinou que Lori Kennard tinha mantido em segredo a sua condição, o que justificou a indenização, enquanto Bowling havia tornado pública a conexão com o médico, não fazendo jus à reparação.
Com informações de Variety