A Folha de S.Paulo e o portal g1, da Globo, que há anos reivindicam o título exclusivo de veículos de imprensa que realizam “jornalismo profissional”, noticiaram algo nesta quarta-feira (11) que parece surreal, para além de cruel e despido de qualquer noção humana: a “melhora” no câmbio com a notícia de que o presidente Lula (PT) fará uma nova cirurgia no cérebro.
Não dá para duvidar que o “mercado” deseje eventualmente a morte de alguém para faturar alguns tostões. Aliás, é até bem plausível que tal notícia sobre o líder brasileiro tenha assanhado esse ente que dá as cartas no país, mas daí a anunciar tal suposição nas manchetes, são outros quinhentos. A bem da verdade, são quinhentos bem macabros.
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“Em dia de Copom, dólar despenca para R$ 5,97 com notícia de procedimento médico de Lula”, anuncia a Folha, enquanto o g1 trazia em destaque o título “Dólar cai e fecha abaixo de R$ 6, à espera de alta de juros no Brasil e após notícia sobre a saúde de Lula”. Assim mesmo, informando por meio de uma insinuação grotesca e desumana que um possível quadro de saúde grave do presidente seria algo que incentiva a melhora no câmbio.
O g1 ainda traz um comentário inacreditável de um economista identificado como André Perfeito. “Não tem como criar outro tipo de hipótese que não seja a perspectiva de que a piora, ou uma situação mais delicada da saúde do presidente, se traduza em uma impossibilidade de ele concorrer em 2026”, diz ele.
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Mas se você acha que isso é muito cruel, espere só para ver a declaração que a Folha traz, colocada na boca de Vanei Nagem, que seria sócio-diretor da Pronto Invest.
“Não há outra explicação para este movimento, mesmo com [a reunião do] Copom hoje. O mercado começa a especular que o pacote de corte de gastos pode ser aprovado com o Lula afastado. Se o Alckmin fica no lugar dele, fica mais fácil de liberar esse pacote. Além disso, se discute quanto tempo o vice ficaria na presidência”, falou o representante do mercado.
Na própria caixa de comentários da Folha os leitores resolveram manifestar a indignação. “Que título sem-vergonha”, disse um. Já outro, foi mais direto: “Este jornal ultrapassa os limites da ética em todos os setores. Antissemita, anti-Brasil, antidemocracia. Nojo”.
“Mil motivos poderiam ser elencados para a queda do dólar. Por fatores internos e externos. Ao eleger como manchete o novo procedimento cirúrgico de Lula, como causa principal, a Folha revê-la somente quatro ódio tem ao presidente, as pessoas que consulta, como referência da verdade. Demérito para estas pessoas e principalmente para este jornal”, escreveu ainda outro assinante do jornalão da Barão de Limeira.