LIBERDADE DE IMPRENSA

Entrevista com ex de Arthur Lira é retirada do ar pela Justiça

Site alega que antes de publicar a entrevista procurou o presidente da Câmara, que não quis se pronunciar

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Escrito en MÍDIA el

Uma decisão judicial ordenou que o site Congresso em Foco, que tem como especialidade a cobertura do Congresso Nacional, retirasse do ar uma entrevista publicada no último dia 25 de junho com Jullyene Lins Rocha, ex-esposa de Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara dos Deputados, que o acusa de agressão. O site afirma que excluiu o texto e as postagens em redes sociais a ele correspondentes assim que tomou conhecimento da decisão.

A decisão foi do juiz Jayder Ramos de Araújo, da 10ª Vara Cível de Brasília. A ação foi movida pelo próprio Arthur Lira e pede indenização por danos morais contra Jullyene e o portal Uol, que hospeda o Congresso em Foco. O presidente da Câmara pede R$ 100 mil em indenizações.

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“Antes de publicar a entrevista, o Congresso em Foco procurou o deputado alagoano por meio de sua assessoria de imprensa para que se manifestasse a respeito das declarações da ex-mulher. A resposta foi que ele não comentaria o assunto”, diz o próprio site na matéria em que noticia a decisão. O site também retirou do ar uma outra nota sobre o caso de Lira e da ex esposa, anterior a essa entrevista.

Esse é apenas mais um episódio da ofensiva de Arthur Lira contra a imprensa. Na última semana o parlamentar tentou obrigar a Agência Pública a retirar uma outra entrevista com Jullyene do ar e pediu que o site não publicasse mais nada sobre o assunto. Mas a Justiça não lhe deu ganho de causa.

Também contra o canal ICL Notícias, de Eduardo Moreira, Lira teve um revés. Ele pede a retirada de uma transmissão que mostra entrevista de Jullyene e expõe o escândalo da compra de kits de robótica inexistentes para escolas de Alagoas e o recebimento de R$ 106 mil em propinas por parte de um assessor. Lira nega todas as acusações e busca não apenas a retirada deste programa do ar, mas também de outros 42 conteúdos do canal, além do pagamento de uma indenização de R$ 300 mil por danos morais. A Justiça negou os pedidos de Lira para que o processo corresse em sigilo e para a retirada imediata dos vídeos do YouTube. De acordo com julgamento dos méritos, há o risco de ocorrer "censura à liberdade de imprensa" caso os conteúdos sejam removidos imediatamente. Os vídeos permanecem disponíveis enquanto a ação é apreciada.