PADRÃO GLOBAL

Ex-repórter da Globo denuncia emissora por pressão para perder peso

A jornalista ingressou na Justiça e acusa Globo também por irregularidade trabalhista durante sua demissão

Jornalista foi à Justiça contra emissora.Créditos: Reprodução
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Demitida após 21 anos como repórter da Globo, Veruska Donato ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho contra a emissora. A jornalista afirma ter sido vítima de assédio moral para se enquadrar em um padrão de beleza imposto pela empresa.

A pressão teria feito com que ela desenvolvesse Síndrome de Burnout. O processo revelou a existência de um documento interno com orientações sobre roupas e forma física dos repórteres.

Veruska anexou um e-mail encaminhado pela chefia, no qual roupas de tecido aderente, por exemplo, são classificadas como “um perigo” para a imagem da mulher, porque marcam “um estômago mais avantajado e barriguinhas persistentes”.

A mensagem, obtida com exclusividade pelo Notícias da TV, no UOL,  é assinada pela ex-diretora de Jornalismo da Globo, em São Paulo, Cristina Piasentini, e pela então chefe de Redação (atual diretora), Ana Escalada. As “orientações” são para jornalistas que aparecem no vídeo.

“A necessidade de colocar o repórter mais próximo do telespectador fez com que os blazers fossem substituídos por camisas e blusas de tricôs, as unhas pudessem ter alguma cor e saias/vestidos passaram a fazer parte do dia a dia da repórter. Apesar disso, temos visto alguns visuais inadequados, mesmo para os tempos atuais”, diz trecho do e-mail.

Veruska Donato trabalhou na emissora por 21 anos - Reprodução/TV Globo

Jornalista desenvolve Síndrome de Burnout

Veruska utilizou o comunicado para provar que era pressionada a se manter dentro do padrão de beleza exigido pela Globo, o que, segundo ela, a fez desenvolver Síndrome de Burnout, por não conseguir se adaptar às regras.

Desconforto, medo do fracasso, pânico inesperado, dores físicas sem motivo aparente, tensão, ansiedade, depressão. Estes são alguns sintomas do Burnout. A principal causa é o excesso de trabalho.

A ação judicial contra a Globo é por assédio moral e, também, por ela ter sido demitida cinco dias após voltar ao trabalho por licença médica, afastada justamente pela síndrome. A lei trabalhista prevê estabilidade de um ano em situações de afastamento causado por doenças do trabalho.

Veruska exige, ainda, o recebimento dos direitos trabalhistas do período em que atuou como Pessoa Jurídica (PJ). Em caso de condenação, a Globo pode ter de pagar uma indenização de R$ 13 milhões.