Um perfil do Twitter que monitora quando vocábulos aparecem pela primeira vez no jornal estadunidense The New York Times divulgou, na madrugada desta sexta-feira (26), que a tradicional publicação usou, de forma inédita, a palavra brasileira "tchutchuca".
Apesar de a palavra ter entrado no radar somente nesta sexta-feira, a matéria do New York Times que leva a palavra "tchutchuca" foi publicada no dia 20 de agosto. A reportagem repercute a fatídica cena, do dia 18 de agosto, em que Jair Bolsonaro (PL) agride um youtuber após ser chamado de "tchutchuca do centrão". O título do texto do jornal dos EUA, inclusive, já introduz o assunto: "Bolsonaro pega telefone de homem e ganha novo apelido".
Na reportagem, o jornalista Jack Nicas narra a dificuldade de repórteres internacionais para traduzir a palavra brasileira, que se popularizou com o funk do Bonde do Tigrão.
Diz a matéria: "O insulto – 'tchutchuca do centrão' – representou um desafio particular para os correspondentes estrangeiros que tentam traduzi-lo para suas audiências. A tradução é particularmente complicada porque ambas as palavras, 'tchutchuca' e 'centrão', são profundamente brasileiras e têm origens complicadas. O 'centrão' é a poderosa coalizão centrista de partidos políticos que efetivamente controla o Congresso e tem sido criticada há muito tempo por cortar acordos de bastidores para beneficiar seus membros e lobistas (...) 'Tchutchuca' é ainda mais complicado (...) Uma versão acabou se tornando uma espécie de termo carinhoso no Brasil. Então, em 2001, um funk brasileiro de sucesso deu nova vida a tchutchuca (...) Com o tempo, tchutchuca passou a significar uma mulher submissa"
Traduções de "tchutchuca" pelo mundo
O primeiro a levar a expressão para fora de nossas fronteiras foi o diário norte-americano The Washington Post, que traduziu a ofensa como "the darling of a pork-barrel faction in Congress", o "queridinho de um grupo clientelista do Congresso".
Já o conservadoríssimo La Nación, da Argentina, traduziu a expressão como “perrita del Centrao”, algo como “cadelinha” para nossos hermanos. Quem também se aventurou a dar um sentido para a expressão foi o francês Le Figaro, que escreveu “putain du Centrao”. Sim, a tradução é essa mesmo que você está pensando e a palavra se assemelha muito a uma do nosso idioma.
A revista alemã Der Spiegel, uma das mais respeitadas do mundo, afirmou em suas páginas que a tradução para “tchutchuca do Centrão” na língua dos filósofos seria “liebling politischer hinterwäldler”, algo como “queridinho dos políticos interioranos”.
Por fim, os chineses do Huanqiu, a versão original em mandarim do Global Times, usou a expressão para indicar o termo em português do Brasil, que pode ser traduzido como “queridinho dos congressistas envolvidos na alocação de verbas”.