De acordo com monitoramento feito pelo pesquisador e analista de redes Fábio Malini, nesta segunda-feira (2), a cada dois minutos, um jovem reporta no Twitter que conseguiu tirar o título de eleitor. A maior parte tem inclinação antibolsonarista. No dia anterior, o intervalo era de oito minutos.
Malini acredita que essa onda faz parte do movimento de querer votar nas eleições 2022. “É um movimento articulado com estudantes, que estão mais conectados, têm mais informações, têm mais facilidade de tirar o título de eleitor”, destaca ele à Fórum.
“Acho que é o movimento natural de pessoas mais jovens, que também são anti-Bolsonaro, que acabou de gerar esse buzz de títulos. E eles se reportam, ficam falando continuamente no Twitter que tiraram o título”, conta o analista.
Em relação à forma pela qual ele consegue fazer esse monitoramento, Malini relata: “É bem simples. Peguei a palavra ‘tirei’ mais ‘título’. A busca do Twitter fecha apenas os tuites que têm essas duas palavras. Se você perceber nessa busca, a cada dois minutos tem alguém falando que tirou o título. Como são jovens, se você for na timeline deles, vai perceber que tem um baixo número de caracteres por post, que é um clássico da ciência de dados para diferenciar a população jovem da população adulta”, explica.
Segundo Malini, por enquanto não é possível quantificar se esse fato pode influenciar no resultado da eleição. “O TSE só vai divulgar depois do dia 4 de maio a quantidade de novos eleitores jovens nessa faixa etária. Então, é difícil precisar ainda. Claro que se fosse só essa faixa etária, o Lula já estaria eleito, porque tem forte maioria”, concluiu.
Número de jovens com título bate novo recorde
A forte campanha de alistamento eleitoral promovida por artistas e celebridades realmente está mobilizando os jovens de 16 a 18 anos. Segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a procura pelo título de eleitor está batendo recordes em 2022.
Entre janeiro e março de 2022, o Brasil ganhou 1.144.481 novos eleitores na faixa etária de 16 a 18 anos. A procura é a maior registrada quando comparada às últimas Eleições Gerais, de 2018 e 2014, quando foram emitidos 877.082 e 854.838 novos títulos, respectivamente.
O voto é facultativo no Brasil entre 16 e 17 anos. A baixa adesão de jovens no início do ano fez com que artistas e celebridades se mobilizassem para incentivar o alistamento eleitoral nessa parcela da população.
Entre eles estão Anitta, Zeca Pagodinho, Whindersson Nunes, Juliette Freire, Luíza Sonza, Criolo, Emicida e até o ator estadunidense Mark Ruffalo.