LUCIANO HANG

Entidades repudiam ataque do Véio da Havan a fotógrafo que o denunciou

A Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas do Paraná saíram em defensa de Eduardo Matysiak, alvo de ataques nas redes sociais

Luciano Hang estimula ataques de ódio.Créditos: Eduardo Matysiak
Escrito en MÍDIA el

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SindijorPR) repudiaram os ataques sofridos pelo fotojornalista Eduardo Matysiak, estimulados pelo empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan.

O empresário usou as redes sociais para expor Matysiak, responsável pela denúncia de que o Véio da Havan havia estacionado seu “ônibus patriota” em local proibido em Curitiba.

Após ser multado, Hang usou as redes sociais para criticar o fotojornalista e instigar ataques contra ele. O dono da Havan fez um post em tom de denúncia apontando que Matysiak seria de esquerda, como se fosse um crime. O milionário disse que é "perseguido" pelo fotojornalista. 

"Olhando as redes sociais do fotojornalista fica claro que ele tem lado: um militante de esquerda! Até já twittou sobre mim em outros momentos... Eduardo Matysiak é um profissional nada imparcial, que age por suas ideologias e opiniões pessoais. Fico me perguntando se fosse um ônibus vermelho, com militantes da esquerda. Será que ele denunciaria da mesma forma? Seria então perseguição?", escreveu.

A postagem fez com que uma enxurrada de bolsonaristas começasse a fazer ataques a Matysiak. O perfil do jornalista no Instagram foi inundado de comentários com teor ofensivo, inclusive homofóbicos, e de ameaça.

Matysiak disse à Fórum que irá processar Hang. "Estou chocado, em contato com meus advogados. Um horror", disse o fotojornalista. Questionado pela Fórum, ele disse que enxergou o gesto de Hang como uma forma de cercear seu trabalho jornalístico. "Eu ali estava fazendo o meu trabalho", afirmou.

Luciano Hang tem antecedentes em ataques nas redes sociais

Essa é uma prática comum de Hang. No início de abril, ele também usou as redes sociais para atacar o juiz Rubens Casara, da 43ª vara Criminal do RJ, e estimular seus seguidores a fazerem o mesmo, após o magistrado ter rejeitado uma queixa-crime aberta pelo empresário contra o influenciador digital Felipe Neto.

Hang acusou Casara de ser um juiz militante e parcial. “Como podemos esperar uma decisão isenta de um juiz militante?”, questionou no Twitter. “É lamentável o que estão fazendo com o Brasil, onde a militância acontece dentro do Poder Judiciário, lugar que deveria prezar pela Justiça e Igualdade e Imparcialidade. A Justiça, neste caso, não é cega, esteve de olhos abertos o tempo todo”, completou.

O bolsonarista envolveu até mesmo a esposa de Casara, a filósofa Marcia Tiburi, no processo. Os comentários de Hang fizeram com que as redes bolsonaristas se mobilizassem para promover ataques contra o juiz. 

Veja a íntegra da nota conjunta da Fenaj e do SindijorPR

O Sindicato dos Jornalistas do Paraná (SindijorPR) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam a atitude do empresário Luciano Hang de expor o repórter fotográfico Eduardo Matysiak, o que motivou uma série de ataques contra o profissional nas redes sociais.

A atitude do empresário foi tomada após Matysiak ter feito o registro do ônibus “Patriota”, usado por Hang, estacionado em local proibido em Curitiba, no dia 7 de abril de 2022. O ônibus foi multado pelas autoridades de trânsito da capital paranaense.

O Sindijor e a Fenaj ressaltam que o repórter fotográfico Eduardo Matysiak cumpriu a sua função de jornalista ao registrar uma infração de trânsito e que a exposição do profissional e os ataques sofridos por ele são atos de ferem a liberdade de imprensa e o direito de exercício profissional dos jornalistas.

As duas entidades se solidarizam com Eduardo Matysiak e esperam medidas das autoridades e das plataformas de redes sociais para impedir ataques ao profissional e combater as ameaças ao trabalho dos jornalistas.