Virou esporte, mas parece obsessão do vetusto jornalão O Estado de S.Paulo, o mesmo da “escolha difícil” entre o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2018. O fato é que, nos últimos domingos, o veículo amanheceu com ao menos um editorial com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Neste domingo (6), o jornal afirma que “o PT é inimigo da esquerda democrática e responsável. Com sua pretensão de hegemonia, dificulta e, muitas vezes, inviabiliza o debate de políticas mais sérias à esquerda”, em um texto com o título “O mal que Lula faz à oposição”.
No domingo anterior, dia 30 de janeiro, em outro título tendencioso, o Estadão avisa: “Lula esquece, o País lembra”. Segue-se a isto, um texto que beira o inacreditável:
“O líder petista pode não ter nenhum interesse em lembrar, mas ainda estão frescos na memória do País os resultados produzidos pela criatura lulista: recessão econômica, crise social, inflação, desemprego, desorganização da economia, manipulação de preços e irresponsabilidade fiscal, que incluiu, entre outras manobras, as famosas ‘pedaladas’”.
Favoritismo
No outro domingo, 23 de janeiro, apavorado com as pesquisas de intenção de votos que dão vitória do ex-presidente, talvez até no primeiro turno, o jornal avisa: “as sondagens de intenção de voto mostram que parte do eleitorado está se esquecendo de quem é Lula. Convém recordar o que o PT fez em sua passagem pelo poder”. E segue sua cantilena em texto sob o título: “O mal que Lula faz à democracia”.
Reforma trabalhista
Pula uma semana para trás, dia 9 de janeiro, e, diante do recorde de desemprego e trabalho precarizado que o Brasil vive em um crescendo, desde o golpe de 2016, o jornalão vem com o “primor” de frase:
“O PT ataca um dos principais avanços obtidos nos últimos anos. Trata-se de explícita defesa do retrocesso”, e prossegue com desfaçatez: “a reforma trabalhista do governo de Michel Temer é um marco jurídico sofisticado, de raro equilíbrio social e econômico”; uma frase lapidar que vestiria como uma luva no Febeapá, de Sérgio Porto: “o festival de besteira que assola o país”.
Há outros editorias para trás e, provavelmente, virão muitos à frente, até o dia seguinte às eleições. Recorro então a uma piada antiga como sugestão de manchete para a data: “Perdemos”.