Não é só o presidente Jair Bolsonaro, no governo, que não gosta da imprensa. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, concedeu nesta quinta-feira (13) uma "coletiva" sem a presença de jornalistas em São Paulo.
Queiroga veio à São Paulo para receber o primeiro lote de imunizantes infantis da Pfizer e foi montada uma estrutura para uma coletiva de imprensa. Segundo o jornalista Victor Ferreira, da Globo e GloboNews, no entanto, somente cinegrafistas e fotógrafos foram autorizados a acompanhar. Repórteres, não.
"O Ministério da Saúde inaugurou a coletiva de imprensa sem repórteres. Cinegrafistas e fotógrafos foram convidados a entrar, repórteres, não. Perguntar ofende. Queiroga vai tirar foto com as vacinas infantis, falar o que quer no púlpito e sair sem ser questionado sobre nada", denunciou Ferreira em suas redes sociais.
Ao entrar ao vivo na GloboNews para noticiar a declaração de Queiroga, o jornalista reforçou que nenhum repórter pôde fazer perguntas.
De fato, nas transmissões veiculadas pelos canais oficias do Ministério da Saúde na internet, é possível ver que Queiroga faz o pronunciamento e deixa o local sem receber nenhum questionamento.
Fórum entrou em contato com o Ministério da Saúde para obter esclarecimentos sobre o veto a jornalistas durante o pronunciamento de Queiroga. Em nota, a pasta informou que restringiu o número de pessoas no local pelo fato dos lotes de vacina conterem "insumos sensíveis".
"O Ministério da Saúde esclarece que a área de armazenamento onde foram recebidas as vacinas contém insumos sensíveis, portanto a circulação de pessoas é restrita e controlada ao menor número possível. A prioridade foi garantir as imagens de forma igualitária para todos os veículos de imprensa", diz a nota.
Mudança de tom
Marcelo Queiroga finalmente teve que admitir. Na manhã desta quinta-feira (13), ao receber em São Paulo o primeiro lote de imunizantes infantis da Pfizer, ele afirmou que “a variante ômicron do coronavírus causa formas menos impactantes de Covid, sobretudo naqueles que estão vacinados”.
Mesmo assim, o ministro disse que isto ocorre, “apesar da ciência não ter nos dado ainda todas as respostas acerca da eficácia das vacinas em relação a variante ômicron”.
Queiroga afirmou ainda que “aqueles que se internam nos hospitais, nas unidades de terapia intensiva, a grande maioria são de indivíduos não vacinados”.
De acordo com ele, “estamos aqui falando sobre vacinas infantis, mas é necessário reafirmar a orientação para que aqueles que não tomaram a segunda dose, que há muitos no Brasil, muito menos do que em outros países, e aqueles que ainda não tomaram a dose de reforço, que procurem a sala de vacinação para completar seu esquema vacinal”.