Uma notícia publicada no Correio Braziliense nesta segunda-feira (6), véspera dos atos golpistas do 7 de setembro, provocou consternação nas redes sociais.
Intitulado "Em meio à radicalização, investidores veem possibilidade de Lula ser assassinado", texto publicado na coluna do Vicente Nunes do Correio gerou revolta por normalizar uma possível morte do ex-presidente. Lula lidera pesquisas eleitorais e, segundo Atlas Político, nunca teve imagem tão boa, desde que levantamentos do instituto começaram em 2019.
A matéria destaca que "ainda que seja considerada remotíssima pelos donos do dinheiro, essa hipótese começou a aparecer em cenários traçados pelos investidores".
“No Brasil de hoje, com tanta divisão, tudo pode acontecer. As pessoas perderam a noção da realidade”, disse uma pessoa não identificada que seria operador financeiro. Uma afirmação tão grave sem identificação chama muito a atenção.
O texto não faz contraponto à "visão do mercado" e trata com certa normalidade a possibilidade de um assassinato do principal líder da oposição a Bolsonaro um dia antes de atos golpistas. Não há qualquer ponderação sobre a gravidade da morte de Lula ser usada como métrica financista.
Segundo o artigo, esses "investidores" estariam preocupados com a violência política em meio às manifestações do 7 de setembro. Mesmo assim, brincam de simular cenários com uma possível morte do ex-presidente.
A violência política do bolsonarismo já era evidente desde as eleições de 2018, quando o então candidato pregava "fuzilar a petralhada" no Acre, e ainda teve apoio expressivo de "investidores".
Nas redes, explodiram críticas ao jornal. "Que irresponsabilidade é essa? Quem autoriza a publicação de uma matéria que sugere a execução de Lula com essa naturalidade? Quando afirmo que o caminho até 22 é minha maior preocupação é por isso", escreveu no Twitter a ex-deputada Manuela D'Ávila, que também é jornalista.
"Eu tô simplesmente chocada. Discute-se golpe à luz do dia. E agora se mancheta, sem cerimônia, uma hipótese que tem sido 'ventilada' em conversas com investidores. Um assassinato. De Lula. Em nome do capital. Aqui jaz um país", protestou a jornalista Rita Lisaukas.
Em pronunciamento feito nesta segunda-feira, o ex-presidente foi na contramão da "polarização" e pregou a união de forças para "reconstruir" o Brasil após o que foi feito por Jair Bolsonaro no poder. Assista aqui.