Candidato do PT à Presidência em 2018 e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad foi às redes revelar a tentativa por parte da Folha de S.Paulo e da Globo, via Associação Nacional de Jornais, de censurar veículos como a BBC Brasil, o El País e o The Intercept.
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"Você sabia que a Associação Nacional de Jornais, comandada por @folha e @OGlobo_Br, entrou no STF para tirar do ar a @bbcbrasil, o @TheInterceptBr e o @elpais_brasil com base no art. 222 da CF?", tuitou Haddad nesta terça-feira (31).
O tuite foi publicado após editorial da Folha de S.Paulo intitulado "A ideia fixa de Lula", sobre os ataques que os conglomerados de mídia brasileiro têm feito após o ex-presidente declarar que vai "regular os meios de comunicação" caso seja eleito em 2022.
As famílias que dominam os meios de comunicação no Brasil tentam frear a participação de outros veículos usando como argumento o Artigo 222 da Constituição, que diz que "a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País".
Folha
Em seu editorial nesta terça-feira, a Folha usa a declaração de Lula para voltar a atacar o ex-presidente dizendo que "enquanto viaja pelo país a restabelecer pontes com forças até outro dia tratadas como golpistas, achou tempo para retomar a cantilena da regulação da mídia".
No texto, a própria Folha admite ser "um objetivo correto" "se o plano é combater monopólios" com certa dose de cinismo, já que busca censuar a participação de outros veículos no ecossistema midiático brasileiro.
Após lançar uma ilusória ideia de que a proposta de Lula busca "usar dinheiro do Estado para favorecer coberturas favoráveis, uma má política, ou intervir sobre conteúdos — o que é inadmissível", que é tudo o que vem sendo feito por Jair Bolsonaro, a Folha critica a tentativa de criação do Conselho Federal de Jornalismo durante o governo petista, que tinha como objetivo “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de jornalista e da atividade do jornalismo”, como qualquer conselho de classe.
"A propositura, enterrada pelo Congresso, mal disfarçava suas intenções censórias", diz a Folha.
"É também desejável, como defende esta Folha, que jornais articulem alguma instância de autorregulamentação, como no setor publicitário. Para além disso, discursos tortuosos e propostas obscuras soam a tentação autoritária", finaliza o jornal da família Frias, sem lançar nenhuma luz - ou mesmo perguntar ao ex-presidente - sobre a proposta defendida por Lula para a democratização dos meios de comunicação no país.