A recém constituída Associação Brasileira de Mídia Digital (ABMD) divulgou nota, nesta sexta-feira (30), em que anuncia que solicitou ao YouTube a remoção da live de Jair Bolsonaro desta quinta-feira (19) em que o presidente faz ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
Durante a transmissão ao vivo, o chefe do Executivo destilou uma série de fake news sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas, se utilizando de matérias jornalísticas antigas, já desmentidas, e vídeos de WhatsApp.
Apesar de toda a divulgação, Bolsonaro não apresentou sequer uma prova de irregularidades nas eleições e a live se limitou ao compartilhamento de mentiras e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Na última quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro usou seu canal na plataforma YouTube, com apoio inédito e flagrantemente ilegal da TV Brasil/Radiobrás e do aparato de comunicação social da Presidência da República, para inventar falsas vulnerabilidades das urnas eletrônicas e do processo de apuração e contagem de votos do Brasil. Também atacou instituições como o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e seus ministros", diz um trecho da nota da ABMD.
"Diante disso, e em razão do aprendizado que as democracias eleitorais em todo o mundo – inclusive o Brasil – colhem das sucessivas e contemporâneas intervenções de autocratas, candidatos a ditadores e fascistas que manipulam eleições a partir de fake news, a Associação Brasileira de Mídia Digital solicita que o YouTube exclua definitivamente de sua plataforma todos os vídeos produzidos a partir desta 'live' presidencial, bem como a sua íntegra", prossegue a entidade, que pede ainda que a plataforma puna o canal do presidente.
A ABMD é constituída, inicialmente, por veículos do meio digital como Brasil 247, Consultor Jurídico, DCM, Fórum, GGN, Jus.com.br, Metrópoles, Cafezinho, Opera Mundi, Sul 21, Plataforma Brasília e TV Democracia.
Confira, abaixo, a íntegra da nota.
“Na última quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro usou seu canal na plataforma YouTube, com apoio inédito e flagrantemente ilegal da TV Brasil/Radiobrás e do aparato de comunicação social da Presidência da República, para inventar falsas vulnerabilidades das urnas eletrônicas e do processo de apuração e contagem de votos do Brasil. Também atacou instituições como o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral e seus ministros.
Usadas como apoio à disseminação de tais ataques que repugnam os democratas e a Democracia, redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram, além das plataformas do Google e de aplicativos de mensagens como Whatsapp e Telegram, não só reproduziram as falas inverídicas presidenciais como, dado as características que lhes são próprias, arquivam e seguem (e seguirão) municiando o arsenal de falsidades, ódios e discursos impróprios produzidos pelo presidente e por sua máquina de intervir na cena política de forma desonesta e inapropriada.
Diante disso, e em razão do aprendizado que as democracias eleitorais em todo o mundo – inclusive o Brasil – colhem das sucessivas e contemporâneas intervenções de autocratas, candidatos a ditadores e fascistas que manipulam eleições a partir de fake news, a Associação Brasileira de Mídia Digital (*) solicita que o YouTube exclua definitivamente de sua plataforma todos os vídeos produzidos a partir desta “live” presidencial, bem como a sua íntegra.
Também é razoável esperar a punição do canal dentro das regras da empresa, que atua corretamente para evitar a disseminação de mentiras.
A ABMD pede ainda ao Google que vete as buscas pelos vídeos falsos, assim como às redes sociais e aplicativos de mensagens para que derrubem a disseminação e circulação das falsas afirmações feitas pelo presidente.
O processo de coleta e apuração de votos adotado no Brasil é íntegro, moderno e auditável. Ele cumpre forte papel na reconstrução democrática desde que a ditadura militar foi derrotada.
Deter cargos públicos não é prerrogativa para faltar com a verdade nas redes, nem diferencia um presidente mentiroso de qualquer outro criminoso que usa mentiras para abalar instituições e conturbar processos político-eleitorais.
Os veículos de comunicação que nós representamos fazem jornalismo independente e moderno. O ambiente digital é o ecossistema que habitamos. Nele, explicamos a conjuntura e levamos aos nossos leitores, telespectadores, ouvintes, assinantes, associados e parceiros, notícias reais e apuração honesta de fatos. Temos compromisso com a verdade.
Ninguém, pode vir a esse ambiente de mídias digitais para confundir, mentir e dividir ainda mais a sociedade.
Agir rapidamente contra as fake news, será didático para todos – sobretudo para o Brasil e para os brasileiros. E isso é urgente”.
Associação Brasileira de Mídia Digital (ABMD)*
Florestan Fernandes Jr., presidente
Luís Costa Pinto, vice-presidente
Adriana Delorenzo, secretária-geral.
(*) Associação Brasileira de Mídia Digital (ABMD), constituída em 09 de julho de 2021 com a participação de todos os seus associados-fundadores e com seu Estatuto Social, em fase de registro, com sede em Brasília