O Jornal Nacional, da TV Globo, revelou neste sábado (3) e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, o veterinário Lauricio Monteiro Cruz nomeado por Eduardo Pazuello, autorizou que um reverendo atuasse com sua empresa nas negociações com a Davati Medical Supply em nome da pasta em um negócio de compra de vacinas. Denúncias do empresário Luiz Paulo Dominguetti apontavam para esquema de propina na negociata com um valor abaixo do que as mensagens revelam.
"E-mails obtidos pelo Jornal Nacional revelam que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde deu aval para que um reverendo e a entidade presidida por ele negociasse 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo com a empresa americana Davati", disse a apresentadora Ana Luiz Guimarães na abertura da reportagem.
A matéria, conduzida pelo jornalista Tiago Eltz, exibiu troca de correios eletrônicos realizada entre Cruz, o reverendo Amilton Gomes, presidente do grupo evangélico SENAH, e o presidente da Davati, Herman Cardenas, sobre a compra de 400 milhões de doses imunizantes da AstraZeneca. Dessa maneira, o negócio possuía 2 intermediários.
O telejornal exibiu email trocado entre Cruz e Gomes em 23 de fevereiro e destacou foto de uma reunião em que os dois participaram no Ministério da Saúde em 4 de março. Cinco dias depois, Cruz informou ao dono da Davati sobre o contato com a Senah e explicitou que a entidade atuaria como intermediária no negócio.
Em 10 de março, Gomes escreve a Cardenas que os contratos já estariam encaminhados e poderiam ser assinados em 2 dias. O valor seria de 17,50 dólares por dose. O secretário executivo do ministério, Élcio Franco, seria o responsável por assinar o contrato da compra, que acabou não se concretizando.
O valor é três vezes maior do que o comprado do Instituto Serum, da Índia, e superior ao que foi mencionado por Dominguetti - 3,50 dólares. Segundo o denunciante, o diretor Roberto Dias havia pedido 1 dólar de propina - o que faria o valor chegar a 4,50.