Jornalista rompe com o UOL por "passar pano" em manchete sobre assassinato de Kathlen Romeu: "Vergonha"

Bianca Santana, que já foi vítima de fake news de Bolsonaro em live, diz que o portal fez uma "cobertura perversa" da morte de mulher grávida no Rio

Foto: Jacqueline Lisboa
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A jornalista e escritora Bianca Santana, que já foi vítima de fake news por parte do presidente Jair Bolsonaro em live, decidiu romper com a sua coluna no Ecoa UOL após a cobertura que o portal fez da morte de Kathlen Romeu. Para a jornalista, o portal fez uma "cobertura perversa" do caso e acusa o site de "passar pano" para o genocídio negro.

"Grávida morre após ser baleada durante troca de tiros em comunidade no RJ", dizia a manchete do UOL sobre a morte de Kathlen Romeu em operação policial. Em sua última coluna no portal, publicada nesta quarta-feira (9), Bianca diz que o texto foi a "gota d'água" para que decidisse deixar a empresa.

"Com a cobertura perversa da execução de uma mulher negra grávida em uma favela do Rio de Janeiro, mais um alvo do genocídio negro, fica evidente que a exaustão de repetir semanalmente a mesma coisa, em palavras diferentes, na tentativa de contribuir com o debate público sobre o genocídio tem sido pouco efetiva", escreve a jornalista.

"Nem o próprio veículo se constrange em noticiar uma mentira como mais um fato isolado", completa. Bianca também usou o espaço para criticar a cobertura que o portal fez sobre a chacina do Jacarezinho, operação policial que deixou 25 mortos na comunidade do Rio, em maio.

"Não se trata de desconhecimento. Mas de escolha. Cumplicidade. Coautoria", diz a jornalista. "Hoje sinto vergonha por ser jornalista", completou.

Kathlen Romeu foi mais uma vítima das operações policiais truculentas no Rio. A jovem de 24 anos, que estava grávida de 14 semanas, morreu depois de ter sido baleada, na terça-feira (8), em um dos acessos à comunidade Lins do Vasconcelos, na Zona Norte.