A publicação britânica “The Economist” afirma, em sua edição desta semana, em reportagem com o título “o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, está sob cerco”, que o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) se rendeu ao clientelismo ao cooptar o apoio do centrão enquanto a sua popularidade despenca.
O texto aponta que "o apoio do Centrão nunca é gratuito. O governo distribuiu mais de R$ 20 bilhões por meio de emendas de relator e, pelo menos, R$ 3 bilhões foram encaminhados por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) atendendo a indicações de parlamentares”.
“O escândalo, que a imprensa chamou de ‘tratoraço’, é a mais evidente prova até agora da participação de Bolsonaro na política clientelista. A situação se desdobra juntamente com um desastre de relações públicas ainda maior: uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga como o governo lidou com a pandemia. As duas crises demonstram como Bolsonaro tem se enfraquecido cada vez mais e como o Congresso”, destaca a reportagem.
A reportagem da “The Economist” diz ainda que “um impeachment é improvável, em parte porque Bolsonaro reinventou na prática a compra de apoio político no fim de 2019. A maioria dos novos recursos orçamentários foi destinada a legisladores que votaram em Rodrigo Pacheco, escolha de Lira e do Centrão para a presidência do Senado”.
“Uma ameaça maior à popularidade de Bolsonaro é a CPI, que começou os depoimentos no Senado este mês. As sessões diárias são transmitidas ao vivo na TV, criando uma macabra história oral do desastre brasileiro na pandemia”, completa o texto.
O periódico destaca também que “as pesquisas mais recentes mostram queda no apoio ao presidente em quase todos os segmentos do eleitorado, incluindo entre seus defensores mais convictos, como os evangélicos. É provável que seu principal rival nas eleições de 2022 seja Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente petista cuja popularidade aumentou recentemente”.