O jornal Folha de S. Paulo se tornou alvo de críticas de usuários das redes sociais, nesta segunda-feira (6), por conta de uma matéria em que chancela: o ovo é "o novo bife do brasileiro".
A matéria foi publicada no dia 23 de março e contou com uma divulgação no Instagram oficial do jornal. A postagem, entretanto, só viralizou com críticas e ironias nas redes nesta segunda-feira, provavelmente por conta de outra matéria publicada pelo portal UOL, um dos veículos do Grupo Folha, que transforma o coxão duro e coxão mole, carnes de segunda, em "falsa picanha".
Tanto a matéria do ovo quanto a matéria da "falsa picanha" têm um tom leve, quase que "glamourizando" os alimentos, induzindo os leitores a simplesmente aceitarem a nova condição a que estão submetidos diante da grave crise econômica e sucessiva alta nos preços dos alimentos no Brasil de Jair Bolsonaro.
"Saber fritar ovos é crucial para sobrevivência no confinamento. Quando o indivíduo é um verdadeiro inútil na cozinha, ele costuma se definir assim: 'Não sei nem fritar um ovo'. Seus problemas acabaram! Hoje você vai aprender a fritar um ovo. Ter noções elementares de cozinha se tornou questão de sobrevivência em tempos de pandemia —ainda mais quando as regras de distanciamento se arrocham, com a proibição do atendimento presencial nos restaurantes", diz um trecho da postagem do jornal sobre "o novo bife do brasileiro".
"O coxão mole o coxão duro estão longe de ostentar o status de um belo bife ancho, é verdade. Mas com um churrasqueiro esperto — mais as dicas desta matéria —, as peças podem se tornar coadjuvantes de responsa na brasa", pontua o portal UOL, por sua vez, na matéria sobre a "falsa picanha" com carne de segunda.
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O que mais chamou a atenção de internautas, no entanto, foi a matéria do ovo. "FAÇA COMO A FOLHA: NÃO DIGA 'OVO', DIGA 'O NOVO BIFE DO BRASILEIRO'. É MAIS ALTO ASTRAL E NÃO PASSA A SENSAÇÃO DE CRISE ECONOMICA! HMMMM! QUE DELÍCIA!", ironizou o perfil satírico Coronel Siqueira em uma postagem no Twitter que tem mais de 9 mil curtidas e mais de 1.600 compartilhamentos.
"Bolsocaro"
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de março de 2020 a março de 2021, ou seja, ao longo de um ano da pandemia do coronavírus, o preço dos alimentos subiu 15% em todo o país, bem acima da taxa de inflação do período, que foi de 5,20%. Não à toa que a campanha “Bolsocaro”, que faz essa associação entre a disparada dos preços e o governo Bolsonaro, tem tomado as ruas e as redes sociais.
Segundo a última edição da Pesquisa Fórum, 58% da população brasileira acha que a alta dos alimentos é fruto dos erros do presidente Jair Bolsonaro. Essa percepção disparou, visto que no último levantamento, de novembro de 2020, o índice era de 53,6%, enquanto no mês anterior, em outubro, era de 48,6%.