Na véspera do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima, organizada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o jornal The New York Times produziu uma extensa reportagem, publicada na quarta-feira (21), sobre as negociações entre os dois governos para conter o desmatamento na Amazônia. O jornal chama o presidente brasileiro de "vilão ambiental" que, pressionado pelo novo mandatário norte-americano, apresentou uma "promessa repentina" de preservação ambiental.
A reportagem de Manuela Andreoni and Ernesto Londoño destaca que o presidente do Brasil está pedindo bilhões de dólares à comunidade internacional para pagar pelas iniciativas de conservação. Segundo o jornal, no entanto, as propostas do mandatário foram vistas com "ceticismo" no exterior.
"Os doadores estão relutantes em fornecer o dinheiro, uma vez que o Brasil sob a administração Bolsonaro tem feito o oposto da conservação, destruindo o sistema de proteção ambiental do país, minando os direitos indígenas e defendendo as indústrias que levam à destruição da floresta tropical", diz o texto.
Na sequência, a reportagem destaca a guinada no desmatamento registrada durante o governo Bolsonaro, assim como o esvaziamento dos órgãos de fiscalização.
"Por dois anos, Bolsonaro pareceu não se incomodar com sua reputação de vilão ambiental. Sob sua supervisão, o desmatamento na floresta amazônica atingiu o maior nível em mais de uma década", diz o texto.
"O orçamento anual que apresentou ao Congresso inclui o menor nível de financiamento para agências ambientais em duas décadas. O governo está apoiando um projeto de lei que daria anistia aos grileiros, medida que abriria uma área da Amazônia do tamanho da França. Outra iniciativa facilitaria licenças ambientais e abriria caminho para mineração em território indígena", completa.
O jornal Wall Street Journal também produziu uma reportagem sobre o tema. "Proposta do Brasil para Biden, sobre o clima: Pague-nos para não arrasar a Amazônia", diz a chamada do texto.
A reportagem entrevistou o ministro Ricardo Salles, que afirma que "o Brasil levou a sério o comentário de Biden, num debate em setembro, sobre reunir US$ 20 bilhões para ajudar o governo brasileiro a reduzir a destruição da floresta".
O jornal então destaca que "o ministro calcula que o Brasil tem direito a US$ 294 bilhões, pelas grandes reduções que o país fez para conter o desmatamento, embora elas tenham ocorrido muito antes de Bolsonaro assumir o cargo".