Ex-governadora Rosinha revela ameaças de Fernandinho Beira Mar de explodir hotéis Meridien e Ceasar Park no carnaval de 2003

Longe da política, Rosinha hoje se dedica à produção de bolos, tortas, panetones e ovos de páscoa. Chegou a produzir 1 mil ovos recentemente. Contudo, a ex-governadora não fecha a porta para uma eventual rentrée eleitoral. “Tudo pode mudar”

Rosinha Garotinho (Reprodução)
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Do site Agenda do Poder

Neste domingo (18), no Jogo do Poder, a ex-governadora Rosinha Garotinho faz revelações inéditas sobre os momentos mais difíceis e tensos que enfrentou durante os quatro anos em que esteve no Palácio Guanabara. Ele conta a história, mantida sob sigilo por 18 anos, das ameaças que sofreu do traficante Fernandinho Beira Mar, após ter ordenado sua transferência do Rio para um presídio de segurança máxima em São Paulo.

Era sábado de carnaval de 2003. Rosinha resolveu descansar com a família na Ilha de Brocoió, a residência de verão dos governadores fluminenses. A descontração das brincadeiras nas primeiras horas da manhã foi substituída por um clima grave, de suspense e tensão. A tenente PM , ajudante de ordens de plantão, disse-lhe que o então Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, estava ao telefone e pedia urgência para ser atendido. A governadora interrompeu as atividades lúdicas com a família e entrou na residência para atendê-lo. Seguiu-se um diálogo que produziria a mais aguda crise emocional de Rosinha no poder.

"Bom dia, governadora?"

"Olá ministro, a que devo o prazer de atendê-lo?"

"A conversa é preocupante. Um carcereiro do presídio de segurança máxima quer falar com a senhora. Pede urgência".

"Como, ministro ? Um carcereiro quer falar com a governadora. Não é sequer o diretor do presídio. Estou achando muito estranho tudo isto".

"Sim governadora, também achamos mas ele insiste em falar com a senhora".

Ao terminar a ligação, Rosinha não garantiu que ligaria para o personagem citado por Márcio Thomaz Bastos. Minutos depois, intrigada com o recado, resolveu esclarecer o que estava acontecendo.

O tal carcereiro lhe disse, então, que tinha um recado de Fernandinho Beira Mar, transferido uma semana antes para o presídio de segurança máxima paulista. O traficante queria voltar para Bangu e deu 72 horas para situação ser resolvida, caso contrário iria explodir os hotéis Meridien, em Copacabana, e Ceasar Park, em Ipanema, ambos lotados em pleno carnaval.

A partir daí, Rosinha mergulhou em profunda crise emocional – convicta de que não poderia ceder mas, ao mesmo tempo, temerosa de que algo, de fato, pudesse acontecer, produzindo vítimas e aniquilando seu recém-inaugurado governo.

"Não dormi durante os quatros dias; chorava sem parar", confessou.

O mega-esquema de segurança montado, com participação das polícias federal, militar e civil, frustrou a ação terrorista do Comando Vermelho, liderado por Beira Mar diretamente do presídio.

Na entrevista, Rosinha critica a privatização da Cedae; comenta as dificuldades da relação com Governo Federal, à época comandado por Lula, após reiterados bloqueios de recursos pela União; e revela fatos também inéditos do caso Propinoduto, em que fiscais de renda, chefiados pelo notório Silveirinha, montaram um esquema de corrupção na Secretaria de Fazenda.

Longe da política, Rosinha hoje se dedica à produção de bolos, tortas, panetones e ovos de páscoa. Chegou a produzir 1 mil ovos recentemente. Contudo, a ex-governadora não fecha a porta para uma eventual rentrée eleitoral. “Tudo pode mudar”, pondera.

O Jogo do Poder vai ao ar domingo, às 22h30h, pela Rede CNT de Televisão